Integrantes da Liga de Psiquiatria do curso de medicina da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), tiveram a iniciativa de criar um projeto voluntário com aplicação de atividades de arteterapia expressiva para os pacientes psiquiátricos do Hospital Universitário.
O projeto chamado Arte & Saúde tem como raiz a arteterapia, que é um tratamento terapêutico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e pela legislação brasileira. Baseia-se na ideia de que o autoconhecimento pode ser uma forma de cura, trabalhando com a criação e expressão artística em variadas áreas, como pintura, música, escultura, colagem, dança e do artesanato, o que contribui para o desenvolvimento de crianças, prevenção da piora de doenças, pessoas com saúde mental comprometida ou com doenças diagnosticadas e pessoas com desordens neurológicas e em cuidados paliativos.
A arte estimula o cognitivo, a imaginação, a criatividade e ativa os sentidos sensoriais, contribuindo para a sociabilidade e o comportamento dos participantes da terapia.
Totalizando 12 alunos, eles atuam as quarta-feiras no período da tarde e aos sábados pela manhã, algumas vezes em conjunto com a Terapia Ocupacional, com música, materiais para pintura de quadros, vasos e também de jardinagem. A compra do material é feita com valores arrecadados através das vaquinhas. Os integrantes se organizam por um grupo em aplicativo de celular e atuam conforme a disponibilidade de suas agendas.
A ação torna o ambiente mais acolhedor, proporciona maior vínculo com o lugar e complementa o tratamento em saúde mental.
Liga Acadêmica de Psiquiatria
A Liga Acadêmica de Psiquiatria é um projeto de extensão que visa complementar o aprendizado com aulas e grupo de estudos sobre a área que não são vistas na faculdade. Inclusive uma psicóloga arteterapeuta foi convidada para lecionar uma aula, a fim de capacitar mais integrantes.
“O objetivo é levar humanização para dentro do hospital. Vimos que muitos pacientes gostam e não querem que a gente vá embora, porque chegamos com música, deixamos eles escolherem e os convidamos a participarem das atividades. Muitos já nos relataram que pretendem continuar com o fazer artístico em casa como parte do tratamento, pois encontram uma paz que buscam constantemente”, explica o acadêmico Daniel Dall’Ava do 5° semestre de medicina.
Ele conta que as mudas de plantas são arrecadas e também doadas pela professora da UFGD, Maria do Carmo. Ela também é responsável pelo Horto de Plantas Medicinais da unidade 2 da universidade fornece as plantas.
Por orientação do engenheiro do HU-UFGD, as mudas precisam ser plantadas em vasos. E o plantio é feito em conjunto com os pacientes. Existe uma plaquinha de rega está afixada no quiosque central para que todos possam colaborar e lembrar que precisam ter esse cuidado com a plantinha.
“O tempo que dedico ao projeto Arte & Saúde é o tempo que sou inteiro. Consigo me expressar, praticar a medicina da forma que eu acredito, o cuidado e o amor. Estar em uma mesa criando arte com pacientes, profissionais e alunos coloca todos na mesma posição, todos protagonistas da própria história, com iguais capacidades dentro do processo de autoconhecimento e cura, assim como ensinou a psiquiatra Nise da Silveira”, disse Daniel.
Ele também explica que o cuidado com as plantas também gera um autocuidado além de integração social.
“Em relação às plantas em específico, o cuidado com elas gera também um autocuidado, e o pintar do vaso e deixar ali no hospital permite uma integração social que muitas vezes se é perdida quando se tem um transtorno mental. As pessoas são corriqueiramente excluídas da sociedade e isso permite uma interação, além de estimular a responsabilidade pela necessidade da manutenção e rega. É bom quando gostam e pretendem continuar em casa, às vezes até levam mudinhas”, finaliza Daniel.
Para quem quiser acompanhar um pouco mais do trabalho desenvolvido basta acessar o perfil nesta rede social clicando aqui.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.