Com o filho de 45 dias internado há um mês no Hospital Regional, uma jovem pode ver de perto o abandono, desleixo e falta de higiene, dentro da unidade, no setor de pediatria, em Campo Grande. Prestes a fazer uma rádio intervenção para retirar um abcesso bolhoso do pulmão depois de uma pneumonia, a mãe teme que o filho saia do ambiente pior do que quando entrou.
A jovem que prefere não se identificar relata ao TopMídiaNews, tudo que presenciou ao longo desses 30 dias. De ambiente sujo, abandono, até baratas foram vistas por ela.
“A sensação é de impotência, né? Você quer fazer algo pelo filho, pelas outras mães, outras crianças, a vida deles está em risco em meio as condições insalubres, mas não pode fazer nada, não tem vaga nos outros hospitais”, desabafa.
A mãe foi encaminhada da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino para o hospital, depois que o recém-nascido pegou uma gripe forte. Por conta do vírus a criança ficou com a saúde delicada e logo se agravou para uma pneumonia.
A transferência foi feita para o Hospital Regional, pois segundo a mãe, é o único hospital que pode fazer a rádio intervenção que o bebê precisa passar para retirada de um abcesso bolhoso no pulmão.
Nesse mês que passou dentro do hospital ao lado do filho, a jovem conseguiu notar o esforço mínimo dos funcionários diante ao cansaço e sobrecarga e um ambiente em total abandono.
“Banheiro sem janela, vasos sem tampa, banheiro vazando, sujeira, latas de lixo quebradas, pessoas nos corredores, e o elevador de dar medo”, detalha.
Temerosa pela vida do filho, a mãe lamenta o que tem vivido e desabafa sobre a falta de profissionalismo e cuidado com o ser humano.
“Esse olhar não tão humano, não tão dedicado, ainda mais para criança que precisa de dedicação, porque eles melhoram e pioram muito rápido. Mas você procura a ouvidoria para reclamar das condições e não tem retorno, muita burocracia”, relata.
Segundo a jovem, outras mães compartilham do mesmo medo de estar ali. “Todas nós temos o mesmo medo, que é de não sair daqui, que é de perder um filho ou que é ficar tempo demais aqui, porque às vezes o filho vem com um vírus e pega outro, ou vem tratar uma coisa rápida, pega outra e fica mais tempo. É um medo coletivo. Ninguém se sente segura”, diz.
Diante do relato da mãe e das imagens feitas por ela no hospital, a reportagem entrou em contato com o Hospital Regional e pediu retorno.