Bonito se posiciona como referência em preservação ambiental durante o FIB 2024

Primeiro destino de ecoturismo carbono neutro do mundo, certificação concedida pela Green Initiatives em 2022, Bonito é palco de um dos maiores festivais culturais do Estado: o Festival de Inverno de Bonito. Além da agenda cultural, o FIB 2024 contará com ações e práticas com foco na neutralização de carbono, contribuindo com os objetivos do Programa Estadual de Mudanças Climáticas. Uma delas é a compensação de carbono, realizada pela Compensei, com o apoio da Setesc (Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Cultura).

“Mais uma vez vamos fazer do Festival de Inverno de Bonito um evento carbono neutro. Vamos medir e depois compensar as emissões de carbono geradas pelos visitantes e o público que passar pelo festival”, destaca o diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling.

As ações de compensação de carbono no mais importante destino de ecoturismo do país e uma das referências no mundo tiveram início em 2021, com a rota aérea 100% carbono neutro: o voo Congonhas-Bonito-Congonhas, da Gol Linhas Aéreas, que faz a compensação total de carbono sem nenhum custo adicional a quem escolhe a companhia para voar.

A partir disso, várias ações fizeram com que o destino se tornasse referência internacional não só de gestão em ecoturismo, mas também em ações climáticas. Para Wendling, os impactos dessas ações são imediatos, como exemplo para outros destinos e outras entidades.

“Bonito tem mostrado a importância de se atentar à agenda climática, onde a compensação de carbono não é a principal estratégia e sim o início de um processo em que mais importante que a compensação é a ação climática para reduzir as emissões de gás carbônico. Mitigar, reduzir, reintegrar novas áreas, aumentar as áreas de conservação, adotar novas práticas, gestão de resíduos, manejo de áreas naturais, utilização de combustíveis menos poluentes como o etanol e biocombustível, uso de energias renováveis, sensibilização de colaboradores. Então, quando a gente entra com uma ação de compensação na verdade é um alerta, de forma bem prática, da responsabilidade de todos diante da agenda climática e do desafio que o mundo tem vivido. Por isso é importante que nosso trabalho seja focado no desenvolvimento responsável para que o turismo seja, de fato, uma atividade positiva e que contribua para as localidades”, finaliza.

Clima positivo

Um dos exemplos de responsabilidade ambiental no destino é a certificação Climate Positive para a RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Estância Mimosa, do Grupo Rio da Prata), desde 2018. Primeiro atrativo de ecoturismo do mundo a se tornar ‘clima positivo’, a propriedade vai além da neutralidade de carbono e emite para a atmosfera mais oxigênio do que dióxido de carbônico com a preservação, recuperação de florestas nativas dentro dos limites do atrativo e ações sustentáveis em seu dia a dia.

O empreendimento executa várias ações de sustentabilidade, incluindo educação ambiental durante os passeios, com orientação para visitação com mínimo impacto do meio ambiente e incentivo para que os próprios visitantes façam o plantio de árvores na propriedade.

Entre as ações estão ainda o cultivo de hortas orgânicas e agroflorestas com produção destinada ao consumo durante as refeições oferecidas na fazenda, evitando a necessidade de uso de transporte automotivo para a compra na cidade, também a doação de parte da produção para hospitais e para os próprios colaboradores; a compostagem dos resíduos da cozinha e a destinação dos rejeitos para os ‘círculos de bananeira’, que servem como filtro natural e ainda adubam o solo.

O Grupo Rio da Prata também é parceiro do Projeto Arara Azul desde 2012. O objetivo do projeto é o monitoramento e pesquisa para a conservação das araras através da instalação de ninhos artificiais feitos em madeira no tronco de árvores. Além das Araras Azuis, os ninhos podem ser ocupados por mais de 24 espécies de aves.

Segundo o biólogo Guilherme Maciel, gerente da Estância Mimosa, os impactos das ações responsáveis começaram no Grupo Rio da Prata com o intuito de fazer o que era certo para o meio ambiente. “A conquista da certificação Climate Positive foi uma consequência do que já vinha sendo feito há anos na propriedade, que foi totalmente restaurada ao longo de 25 anos, pois o antigo proprietário a utilizava como área de extração de madeira. E, após o reflorestamento, nosso intuito agora é aumentar ainda mais a nossa área de Reserva Legal”, ressalta.

Na reserva perpétua criada por livre iniciativa dos proprietários e protegida pela Lei Federal do Sistema Nacional de Unidades de Conservação 9.985/200, convivem 357 espécies de árvores, 257 de aves e 75 de mamíferos.

MS carbono neutro

Destaque também para a meta do Governo do Estado de tornar Mato Grosso do Sul carbono neutro até 2030. Mato Grosso do Sul foi o primeiro Estado brasileiro que fez o levantamento das emissões de carbono em seu território, em 2017. Um desdobramento do trabalho foi a elaboração do plano de ação climática, com o estabelecimento das metas de redução, em conformidade com as tendências globais no desenvolvimento de soluções de mitigação de emissões de carbono.

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, explica a necessidade de fazer a neutralização de carbono. “São as emissões de carbono que causam o aquecimento global e, por sua vez, geram a mudança climática. A maior parte do mundo e dos estados brasileiros têm meta de neutralização para 2050. O Mato Grosso do Sul tem a meta audaciosa, e que representa um grande desafio para os setores público e privado, de se tornar um Estado carbono neutro em 2030, pois nós entendemos que nossa característica econômica permite isso”.

Compromisso do turismo

A Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) coloca o turismo como protagonista de um desenvolvimento sustentável, em consonância com as principais tendências do setor: turismo regenerativo, viagens com propósito, turismo de experiência, nomadismo digital, bleisure (uma junção de ‘business and pleasure’, ou negócios e prazer, em tradução livre), experiências gastronômicas e outros.

Dentre os compromissos assumidos no âmbito da Declaração de Glasgow o Governo do Estado, através da Fundtur-MS, está apoiando os trabalhos para o 2º ciclo de inventário de emissões de gases de efeito estufa do turismo em Bonito, com vistas à certificação pela Green Initiative, umas das certificadoras reconhecidas pela ONU Turismo, numa jornada que envolve a coleta de dados de forma contínua e sistemática, em conformidade com o GHG Protocol e o mercado regulado de carbono.

Segundo dados do Observatório do Turismo de Bonito, o destino recebeu 30.491 turistas em julho de 2024, número recorde em comparação ao mesmo período nos últimos nove anos. Assim, ao mesmo tempo que o crescimento do número de turistas em Bonito indica o potencial de impacto econômico da atividade, o aumento expressivo aliado à crise climática faz necessária uma preparação para administrar os desafios que se impõe como: conservação dos recursos naturais, mitigação das emissões de gases de efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas, trabalho decente, redução de impactos sociais, dentre outros.

Texto: Débora Bordin – FundturMS

Fotos: Elias Campos

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