O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) programou uma série de atividades, em paralelo com as disputas das Paralimpíadas de Paris 2024, que começam na quarta-feira (28), para aumentar o engajamento com a torcida brasileira. Haverá estratégias digitais, programação especial na TV e a primeira edição da Casa Brasil nas Paralimpíadas.
Nesta segunda-feira (26) estreou a série Da inclusão ao pódio, com quatro episódios. Dirigida por André Bushatsky, a série mostra a trajetória de atletas paralímpicos brasileiros. Os dois primeiros episódios serão mostrados no Sportv2 a partir das 21h30.
Os dois últimos serão veiculados no mesmo canal, na terça-feira (27), no mesmo horário. Depois da exibição na TV fechada, os filmes estarão disponíveis no Globoplay. Cada episódio de 20 minutos mostra as jornadas pessoais e profisisonais de atletas do início até o alto rendimento.
“Ano que vem teremos mais três séries, uma sobre futebol de cegos, outro fala de mulheres no pódio e outra com temas mais gerais do que acontecer em paris”, explica Loraine Ricino, diretora de marketing do CPB, em entrevista à Máquina do Esporte.
Outra iniciativa será a primeira edição da Casa Brasil Paralímpíco, feita em parceria com a Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) da Prefeitura de São Paulo. O espaço, localizado em Saint-Ouen, próximo à Vila Paralímpica, onde ficarão hospedados os atletas, será utilizado para realizar ações com os atletas medalhistas das Parlimpíadas.
“A Casa Brasil nas Olimpíadas foi um sucesso. Se você pensar, o COB festejou 20 medalhas. Nós temos a expectativa de comemorar a conquista de 70 a 90 medalhas”, compara ela.
Tamanho
Se o Time Brasil que competiu nas Olimpíadas terminou em um honroso 20º lugar no quadro geral de medalhas, com apenas 3 ouros, as ambições da delegação paralímpica vão muito além. A equipe nacional terminou os Jogos de Tóquio 2020 na 7ª posição, com 22 ouros e 72 pódios.
Para Paris, o Brasil busca se manter no top 10, mas aumentar o número de medalhas. A principal potência da modalidade é a China, que liderou o quadro de medalhas em Tóquio 2020, seguida do Reino Unido, local em que o movimento paralímpico teve início.
Para se manter entre as principais potências paralímpicas, a delegação brasileira terá 280 atletas, sendo 255 esportistas com deficiência e 25 integrantes de equipe de apoio a eles durante as provas, como atletas-guia (atletismo e triatlo), calheiros (bocha), goleiros (futebol de cegos) e timoneiro (remo). É a maior delegação do Brasil em Paralimpíadas fora do país, superando os 259 integrantes da equipe em Tóquio 2020.
O Brasil compete em 20 das 22 modalidades das Paralimpíadas. As exceções são basquete e rugby em cadeira de rodas, nas quais o país não se classificou.
Financiamento
Para financiar a preparação e competir, o CPB hoje conta com o patrocínio de Loterias Caixa, Braskem, Toyota, Ajinomoto, Havaianas e Asics (fornecedora de material esportivo). Outra forma de financiamento é com verbas da Lei Piva, que destina parte da arrecadação das loterias da Caixa ao esporte olímpico e paralímpico do país.
A entidade também conta com vários parceiros na área de educação, para proporcionar formação aos atletas. É o caso de Aliança Francesa, Sebrae, Sesi, Estácio, Universidade de Cambridge.
“Também estamos trabalhando com o licenciamento de marca, assinando acordos com empresas interessadas em lançar produtos em parceria com o CPB. E buscando fechar novos contratos”, conta Loraine.
A iniciativa já colocou no mercado produtos como material esportivo, roupas e até granola com o emblema da equipe paralímpica do Brasil.
Engajamento
Fora das quadras, campos e pistas, a ideia é reverberar essa campanha ao máximo entre a torcida brasileira, seja em Paris ou que esteja acompanhando as competições nas plataformas da Globo no Brasil.
“Lançamos campanha digital logo após o fim das Olimpíadas para motivar que tivesse mais pessoas acompanhando. A ideia é atrair o público e engrossar o coro da torcida”
Loraine Ricino, diretora de marketing do CPB
Uma estratégia importante para isso é tentar aumentar o número de seguidores do CPB nas redes sociais. Atualmente, apesar do passado vitorioso, o comitê conta apenas com 220 mil seguidores, o que faz com que o potecial de crescimento seja grande e capaz de gerar um legado para o comitê após os Jogos Paralímpicos e durante o ciclo até Los Angeles 2028.
“Queremos estourar a bolha. Normalmente conversamos com pessoas que já nos conhecem, como jornalistas e a comunidade da área. No Brasil temos 18 milhões de pessoas com deficiência. Mas essa divulgação a elas não necessariamente chega a todo o público brasileiro das grandes capitais”, analisa Loraine.
Para atingir esse público, a ideia é utilizar a imagem dos grandes nomes da delegação nacional. O Brasil não terá mais Daniel Dias, maior nadador da história paralímpica do Brasil, mas há outras estrelas na delegação nacional em busca de façanhas em Paris.
É o caso do velocista Petrucio Ferreira, de Raissa Machado, do lançamento do dardo, dos nadadores Gabriel Araújo e Carol Santiago, destaques em Tóquio 2020, e Bruna Alexandre, do tênis de mesa, primeira atleta paralímpica do Brasil a disputar os Jogos Olímpicos.
“Talvez a gente não tenha ainda ninguém do tamanho do Daniel Dias, mas temos grandes atletas em busca de novas façanhas”, afirma Loraine.