O conselho de administração da Arauco aprovou, nessa terça-feira (24), um investimento global de US$ 4,6 bilhões, o equivalente a R$ 25,1 bilhões, para a construção da primeira fábrica de celulose do grupo chileno no Brasil, em Inocência, a 337 km de Campo Grande. A companhia elevou a capacidade produtiva que terá a futura unidade em relação aos planos anunciados inicialmente: de 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
O principal fornecedor do Projeto Sucuriú será a finlandesa Valmet, responsável por entregar cerca de 50% do projeto industrial. O escopo do contrato inclui as áreas de processo regulares, uma unidade de gaseificação que vai gerar biocombustível para abastecer os fornos de cal da operação, uma caldeira de recuperação química – maior do mundo em capacidade no setor e uma caldeira de biomassa.
O grupo tem previsão de começar suas operações na fábrica no último trimestre de 2027, mas ressaltou que a data “pode estar sujeita a mudanças e eventuais adiamentos que possam ser necessários durante o desenvolvimento” do projeto, que já está em fase de terraplanagem.
Ao ser concluída, a fábrica deve superar a mais nova unidade de produção da Suzano, que entrou em operação no final de julho deste ano, em Ribas do Rio Pardo, com uma linha única de produção com capacidade para 2,55 milhões de toneladas.
Segundo o secretário da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, a fábrica que já está com as obras em andamento na cidade de Inocência, dependia desta aprovação para dar andamento ao projeto.
“A fábrica já está licenciada, iniciou as obras de terraplenagem mas dependia essencialmente da definição da tecnologia que iria utilizar e qual fornecedor de equipamentos iria fazer toda estruturação da obra em Inocência. O que foi aprovado agora no conselho de administração foi exatamente a ampliação dessa planta. A grande notícia é que o Mato Grosso do Sul que já tinha uma planta em Ribas do Rio Pardo de 2,5 milhões de toneladas de celulose, considerada a maior fábrica e linha única do mundo, agora terá uma unidade com a sua capacidade ampliada. Então a Arauco anuncia uma fábrica de 3,5 milhões de toneladas, ou seja entre o empreendimento anterior e este nós ganhamos uma unidade adicional de um milhão de toneladas”, comemorou Verruck.
A Arauco financiará a fábrica de celulose emitindo dívida, realizando um aumento de capital de até 1,2 bilhão de dólares e usando recursos próprios, afirmou a companhia em comunicado.
A unidade da Arauco será instalada a 50 km da cidade de Inocência, na margem esquerda do Rio Sucuriú, região onde a Arauco afirma operar desde 2009 com manejo florestal e comercialização de madeira. Inocência está localizada a cerca de 250 km de Ribas do Rio Pardo.
A fábrica da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de eletricidade, dos quais cerca de 200 MW serão destinados para o consumo interno da unidade industrial e o restante para venda ao sistema.
A energia excedente – suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional.
Segundo a Arauco, o Governo do Mato Grosso do Sul possui uma política industrial e florestal “bem estruturada para o setor” e o Estado tem um clima “muito favorável” à plantação de eucalipto. A árvore demora cerca de sete anos para crescer e atingir o ponto ideal de corte no Estado. “É metade do tempo que essa árvore demora para crescer no Chile (12 anos)”, afirmou a companhia.
Na avaliação do titular da Semadesc, a fábrica terá uma alta capacidade de produção de energia limpa.
“O próprio comunicado estabelece uma energia, uma produção de 220 megawatts adicionais que vão ser colocados na rede, isso permitiria abastecer uma cidade praticamente do tamanho de Campo Grande. Além disso, eles vão consumir quase 200 mega, então produz 400 mega e 220 mega são colocados no mercado. Para isso, nós acabamos de licenciar recentemente um linhão ligando Inocência a fábrica, até o município de Selvíria, em Ilha Solteira, onde essa energia será alocada na rede nacional”, acrescentou.
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