A “brincadeira” das apostas ficará séria

O mercado esportivo brasileiro vive uma grande expectativa com a aproximação do processo regulatório das casas de apostas no país.

Se o prazo de adequação e fiscalização previamente divulgado era para iniciar as fiscalizações e adequações a partir do dia 1º de janeiro de 2025, uma portaria assinada pelo secretário de Prêmios e Apostas, Regis Dudena, na última semana, informou que, já a partir de outubro, as empresas que não entraram com o pedido de licença não poderão mais operar no país.

O que isso significa? Que o jogo literalmente vai começar.

A partir do momento em que as empresas passam por esse primeiro filtro, em que apenas quem protocolou o processo de licença poderá ter acesso aos sites no Brasil, certamente será gerado o primeiro grande impacto no mercado.

Com a falta da regulamentação, vimos o surgimento e o crescimento de diversas empresas que até quem conhece muito do mercado jamais tinha ouvido falar.

Porém, até o momento, essas empresas puderam trabalhar livremente, comprando mídia e fechando negociações com influenciadores sem nenhum tipo de controle ou cuidado.

E isso gera diversas consequências negativas, visto que, quando não se tem zelo pela imagem e, claro, pela comunicação, promessas de enriquecimento são feitas de forma irresponsável sem muito filtro. O brasileiro, que já tem um perfil de ser empolgado e emocionado, acredita e cai na cilada de se endividar sonhando com o dinheiro fácil.

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Voltando ao mercado, a tendência daqui para frente é que a bolha comece a esvaziar, pois, se antes havia milhares de empresas atuando sem nenhuma regulamentação, agora aproximadamente 140 empresas aplicaram para licença a partir de 2025.

E, como disse no título, a “brincadeira” ficará séria, pois antes não havia incidência de impostos, necessidade de alinhamento com as diretrizes do Governo Federal nem pagamento de R$ 30 milhões para aplicar na licença.

Se antes os executivos precisavam fazer malabarismos com investimento em mídia, agora o cuidado ao escolherem seus ativos será redobrado.

A tendência é que a precificação dê uma abaixada em diversos ativos esportivos, uma vez que a capacidade de investimento de uma boa parte dessas empresas será reduzida.

Para os grandes players, o cenário é promissor, pois eles possuem grande capacidade de investimento e agora não precisarão disputar mercado com empresas que, como disse anteriormente, nunca se tinha ouvido falar.

A partir do momento que diversas empresas deixarem de operar no Brasil por não estarem regulamentadas, os usuários delas buscarão uma que esteja, ou seja, haverá um afunilamento de base e uma nova onda de potencial de clientes.

Para as agências envolvidas em processos de negociação, a regulamentação será fundamental, pois, no nosso dia a dia, somos abordados por empresas que não possuem o histórico de firmar uma parceria com um clube ou um influenciador de grande porte.

Em diversos momentos da nossa verificação de antecedentes, percebemos que a empresa foi criada há pouco tempo e com capital social abaixo do ideal, quando comparado ao montante do contrato que aplicou para ser celebrado.

Por isso que esse “divisor de águas” será fundamental para o mercado e para os consumidores. Maior controle, maior responsabilidade, mais respeito e mais zelo com o cliente.

Porém, será fundamental um controle rígido por parte do Governo Federal para que as premissas da regulamentação sejam aplicadas na sua totalidade. Isso porque as brechas poderão enfraquecer os operadores e descredibilizar esse processo que tem tudo para ser um grande marco na história da indústria esportiva brasileira.

Bernardo Pontes, executivo de marketing com passagens por clubes como Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Corinthians e Flamengo, é sócio da Alob Sports, agência de marketing esportivo especializada em intermediação e ativação no esporte, que conecta atletas e personalidades esportivas a marcas, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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