Ano de extremos, sob efeito do El Niño 2023 foi de 1°C a 44°C, estiagem prolongada e precipitação recorde

As condições climáticas apresentaram profundas anomalias no ano passado, com registro de temperaturas máximas recordes e mínimas que chegaram a 1°C em algumas regiões de Mato Grosso do Sul. Quanto ao regime de chuvas a situação não foi diferente. A estiagem se estendeu para além do Inverno, mantendo o tempo seco e quente até outubro, para em seguida registrar recipitações com acumulados significativos em curto espaço de tempo.

A análise é dos técnicos do Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), com dados da rede própria de estações meteorológicas da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), ANA (Agência Nacional das Águas), Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias).

Conforme o Cemtec/MS apurou, no ano de 2023 as temperaturas variaram de 1,6°C a 43,4°C em Mato Grosso do Sul, com baixos índices de umidade relativa do ar (entre 8% e 22%). Nas tabelas 1 e 2 são apresentados os dados de temperatura máxima do ar e umidade relativa do ar mínima, respectivamente. Na tabela 1, observa-se que a maior temperatura, com valor de 43,4°C, ocorreu no município de Porto Murtinho nos dias 17 de outubro e 16 de novembro. Na tabela 2 o registro do menor índice de umidade relativa do ar de8% foi no município de Coxim no dia 6 de novembro.

Os meses de outubro a novembro são considerados, climatologicamente, mais quentes do ano. Aliado a isso, a atuação forte do fenômeno El Niño favoreceu as altas temperaturas. Em Mato Grosso do Sul esse fenômeno teve um impacto maior com padrões bem acima do normal. Pela análise dos sistemas meteorológicos atuantes foi possível observar a formação de sistemas de alta pressão atmosférica que favoreceram a formação de bloqueios atmosféricos e as ondas de calor.

Quando se analisa os dados de temperatura média anual entre os anos de 2000 a 2023, por município, é possível verificar também um aumento da temperatura no ano de 2023 para os municípios de Porto Murtinho, Campo Grande e Ponta Porã.

Em relação aos dados de temperatura mínima, a maior tendência é que ocorram no período de inverno durante os meses de junho a agosto. De acordo com a tabela 3, a menor temperatura do ar registrada foi1,6°Cno município de Rio Brilhante no dia 15 de julho de 2023. Nesse dia a atuação de uma circulação anticiclônica favoreceu o tempo frio e seco no Estado e o registro de baixas temperatura do ar.

Na tabela 4 são mostrados os dados de rajada de vento observada entre os dias 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023. A maior rajada de vento registrada foi de 109,1 km/h no dia 4 de setembro de 2023 no município de Laguna Carapã. Neste dia ocorreram outros registros de rajadas de vento intensas:, 107,6 km/hem Rio Brilhante e 75,6 km/h em Sete Quedas. A atuação de uma frente fria, aliada ao intenso fluxo de calor e umidade favoreceu o tempo instável com chuvas e tempestades acompanhadas de raios e rajadas de vento, com destaque à região centro-sul do Estado.

Pela análise de precipitação acumulada diária em 24h entre os dias 1 de janeiro a 31 de dezembro (Tabela 5), os dados coletados mostram que em Ponta Porã ocorreu o maior acumulado de 167,8 mm no dia 17 de fevereiro de 2023. Quando se analisa a tabela como um todo, observa-se que os meses de Primavera-Verão, ou seja, entre novembro a fevereiro são os meses com maior ocorrência de acumulados significativos de chuvas. De fato, no dia 17 de fevereiro, a atuação de uma frente fria favoreceu o tempo instável no Estado. Vale destacar que, durante todo o mês de fevereiro, registrou-se 539,5 mm de chuva acumulada no município de Ponta Porã.

Na tabela 6 é apresentada a precipitação acumulada anual, mostrando que, entre os municípios analisados, nove tiveram chuvas acima e 9 chuvas abaixo da média histórica anual. O município com maior acumulado de chuva foi Costa Rica, com acumulado de 1.934,2 mm, representando 24,7% acima da média histórica anual. Por outro lado, o menor acumulado de chuva foi de 898,2 mm em Pedro Gomes, o que representa 35,5% abaixo da média histórica anual.

Texto: João Prestes
Foto da capa: Portal do Governo/MS

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