A Assembleia Geral de Credores do Avaí aprovou o plano de recuperação judicial do clube, que pretende quitar as dívidas cíveis e trabalhistas acumuladas ao longo dos anos. O acordo, que chega a R$ 42,7 milhões, foi acatado por ampla maioria dos participantes do encontro e agora seguirá para homologação pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC).
“A realidade do futebol mudou e os clubes não podem mais conviver com dívidas que nunca são pagas, como parecia ser uma rotina no passado. Hoje é diferente. Quando encaminhamos ao Judiciário o pedido de recuperação judicial, enfrentávamos penhoras diárias de receitas, o que inviabiliza qualquer planejamento. O acordo com os credores vira essa página e nos permite trabalhar olhando para o futuro”, afirma o presidente do clube, Júlio Heerdt. O Avaí celebrou o resultado da assembleia, em post publicado em suas redes sociais.
A recuperação financeira do Avaí teve início em 2022, com o pagamento de mais de R$ 20 milhões referentes a dívidas e salários atrasados de atletas e funcionários.
A partir do último trimestre de 2023, o Avaí passou a realizar investimentos nas categorias de base e em infraestrutura. “O acordo permite a continuidade desse processo de reconstrução, que só é possível graças também ao apoio e à compreensão do torcedor e à participação efetiva do Conselho Deliberativo do clube. O Leão da Ilha ficará ainda mais forte”, diz o presidente.
Trabalho interdisciplinar
O advogado Tullo Cavallazzi Filho, sócio do escritório que conduziu o caso no judiciário, destaca a importância do enfoque multidisciplinar que serviu de base para o processo de recuperação judicial do Avaí, que contou com a participação de consultores especializados, analisando em detalhes a situação financeira do clube e fazendo projeções da capacidade de pagamentos para garantir o sucesso das negociações. Todo esse trabalho foi conduzido pela Conwert Gestão Empresarial.
“A credibilidade dos profissionais envolvidos no processo e, principalmente, do Avaí, um clube centenário, também foram fundamentais para esse desfecho positivo”, afirma o advogado.
Para o especialista em direito empresarial Marcos Andrey de Souza, a recuperação judicial tem se mostrado uma alternativa relevante em processos envolvendo clubes que sofrem com o endividamento excessivo.
“Essa solução garante, ao mesmo tempo, segurança ao credor e estabilidade e previsibilidade para o gestor. O fundamental é que as dívidas negociadas sejam pagas e o clube possa se reorganizar e ser ainda mais competitivo. Para o Avaí, a aprovação do plano de recuperação significa mais um passo na profissionalização da gestão, que abandonou práticas amadoras de outros gestores”, pondera.
Os passivos tributários do Avaí não podem ser incluídos no processo de recuperação judicial e estão sendo negociados diretamente com a Procuradoria da Fazenda Nacional.