Caso Dudu: Como o marketing pode ajudar o Palmeiras a reaproximar o ídolo da torcida

Poucos jogadores são tão identificados com a era vitoriosa do Palmeiras, quando o time retomou o status de potência do futebol brasileiro, dentro e fora de campo, a partir de meados da década passada, quanto Dudu. Com a camisa alviverde, ele conquistou, desde 2015, quatro edições da Série A do Brasileirão, duas Copas Libertadores, três Paulistões e uma Copa do Brasil.

No último fim de semana, o atleta de 32 anos, que costumava ser associado apenas à sua participação decisiva nessas conquistas, envolveu-se em uma polêmica capaz de abalar seu status de ídolo junto à torcida palmeirense e ainda deixá-lo queimado com os adeptos do Cruzeiro, clube que o revelou.

Inicialmente, Dudu divulgou que havia sido procurado pelo time mineiro, que teria oferecido a ele uma oferta irrecusável, com valores acima dos pagos atualmente pelo Palmeiras e um contrato de quatro anos de duração (seu vínculo com a equipe paulista se encerrará no fim de 2025). Posteriormente, veio a público a informação de que Dudu é quem havia se oferecido ao Cruzeiro, em uma situação que gerou desconforto com os torcedores palmeirenses.

Nesta segunda-feira (17), Dudu informou que não retornaria mais ao Cruzeiro, optando por permanecer no Palmeiras. O detalhe é que, na postagem feita no perfil do atleta no Instagram, ele utilizou uma imagem na cor verde, mas sem o escudo do time.

“Realmente, recebi uma proposta muito boa e fiquei balançado. Talvez, eu nunca mais receba uma oportunidade como essa. Tenho 32 anos e me ofereceram quatro anos de contrato. O Cruzeiro é um clube que tenho um enorme carinho e agradeço, demais, pelo reconhecimento, mas sinto que, neste momento, ainda não é a hora de sair e de encerrar o meu ciclo no Palmeiras. Sinto que posso seguir construindo a minha história aqui”, afirmou. 

O clube celeste, por sua vez, optou por retirar a proposta, mas não sem estocar Dudu.

“O Cruzeiro encara este assunto como encerrado, pois tem a obrigação de contar em seu elenco com atletas de palavra, compromissados, leais e que verdadeiramente [palavra grifada em caixa alta] queiram estar no Cruzeiro”, destacou a publicação.

Esse desfecho veio após a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, declarar que considerava o jogador já negociado com o clube mineiro, que não faria qualquer esforço para que ele não saísse e que, em caso de sua permanência, o contrato seria cumprido até 2025, sem qualquer chance de renovação ou de reajuste nos valores pagos ao atleta.

“Tenho certeza de que o Dudu vai ser muito feliz lá no Cruzeiro”, enfatizou a mandatária, em entrevista ao Sportv.

Jogador ainda pode render em termos de marketing?

O modo como a tentativa de transferência se desenrolou e foi concluída serviu para queimar Dudu tanto com a torcida do Palmeiras quanto com a do Cruzeiro.

A Máquina do Esporte consultou alguns especialistas, os quais analisaram possíveis ações que o atleta poderia proporcionar a cada um dos clubes envolvidos na transação, que gerou polêmica e acabou não sendo concluída.

Fernando Fleury, CEO da Armatore Market+Science e colunista da Máquina do Esporte, não vislumbra iniciativas que o Palmeiras poderia realizar utilizando a imagem de Dudu neste momento.

“No Palmeiras, eu vejo que o ciclo se fechou. Principalmente agora, que todos sabem que foi ele que pediu para sair. Não vejo uma ação de marketing que seja interessante para o Palmeiras e, seu eu estivesse no clube, não arriscaria fazer nada com ele”, disse.

A opinião não é compartilhada por Erich Beting, CEO da Máquina do Esporte. Para ele, o caso pode ser uma oportunidade para que o Palmeiras, finalmente, use de forma mais contundente a imagem de seu principal jogador na última década.

“Durante uma década, o que prendeu Dudu ao Palmeiras foi o desempenho dentro de campo. Por isso mesmo, foi possível existir um caso tão emblemático como esse de agora, em que o Cruzeiro quase tirou um dos maiores ídolos do clube apenas com um projeto esportivo. O marketing pode ser bem utilizado para fazer com que Dudu vire um produto do Palmeiras. Não apenas um ídolo, mas alguém que tenha uma linha de roupas, produtos licenciados, etc. Para isso, porém, é preciso que Dudu volte a jogar. E a ferida que se abriu agora seja cuidada”, afirmou.

Caso perdido?

Para Vinicius Lordello, consultor da Máquina do Esporte, apesar de toda essa polêmica envolvendo a tentativa frustrada de transferência para o Cruzeiro, Dudu ainda não pode ser considerado um caso perdido, já que, mesmo que a relação possa ter sido abalada, o atleta ainda mantém o status de ídolo junto à torcida.

“A situação é delicada, mas longe de ser irreversível. Um ídolo querer sair não é um problema, mas sim a forma como ele sai. A saída, se bem trabalhada, não teria causado nenhum tipo de dano ao jogador. Na medida em que Dudu fica, ele não deixa automaticamente de ser ídolo. Ele tem uma desconfiança a ser trabalhada, tanto pelo clube quanto pelo atleta”, salientou.

Porém, Lordello alerta que a reconstrução da confiança dos palmeirenses em Dudu é um processo que requer tempo.

“Temporariamente, não adianta o Palmeiras fazer movimentos e forçar a barra [com a imagem do atleta]. Mas o clube não pode deixar de realizar movimentos com ele, inclusive em relação à sua imagem, porque ele ainda é um ídolo. E para o Dudu será importante, porque ele terá de revitalizar, reenergizar e qualificar sua relação com a torcida palmeirense”, complementou.

Na avaliação de Fernando Fleury, o staff do atleta precisa tomar medidas urgentes, com o intuito de preservar a reputação de Dudu.

“O mercado esportivo hoje é dinâmico, e as redes sociais tornaram os jogadores responsáveis diretos por suas próprias imagens”, finalizou.

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