Casos de violência doméstica caem 17%, mas incidência ainda é alta em MS

Mato Grosso do Sul conseguiu reduzir o número de casos de violência contra mulher, entre 2022 e 2023, em 16,90%. É o que revela os dados do último Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2024). 

Segundo o levantamento, em 2022, foram contabilizados 3.412 denúncias de violência contra a mulher em Mato Grosso do Sul. Em 2023, porém, o Estado apresentou uma diminuição significativa, registrando 2.837 mulheres vítimas de lesão corporal dolosa praticada por seus parceiros.

Vale frisar, no entanto, que esses números refletem, apenas, os casos que resultaram em registro de ocorrência. A julgar pela tendência de que muitas vítimas não recorrem à polícia, a quantidade real pode ser muito maior, em virtude do contexto de subnotificação.

Porém, o dado ainda é representativo, pois, entre os 26 estados e o Distrito Federal, apenas sete reduziram o total de casos, nos últimos anos. No entanto, conforme o anuário, apesar do cenário ser positivo em Mato Grosso do Sul, em geral, os casos de violência doméstica continuam crescendo no país.

Além disso, quando a análise é feita a partir da taxa de incidência, ou seja, a quantidade de casos de violência doméstica para cada 100 mil habitantes, o resultado é um pouco diferente. Essa avaliação é importante, pois reflete a sensação de recorrência e velocidade dos registros, conforme a população.

Nesse caso, Mato Grosso do Sul está na 16ª posição entre os estados lideres da violência doméstica. Ao todo, são 203 mulheres agredidas a cada 100 mil habitantes em MS, demonstrando o quanto a insegurança ainda predomina entre as mulheres no Estado.

Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelam, também, outros contextos no que se refere à violência contra a mulher no país. A quantidade de feminicídios, por exemplo, registrou diminuição de 31,8%.

Segundo o levantamento, em 2022, Mato Grosso do Sul registrou 44 feminicídios, com uma taxa de 3,1 vítimas a cada 100 mil habitantes. Em 2023, no entanto, foram 15 vítima a menos, com 30 casos contabilizados, a uma taxa de 2,1 feminicídios por 100 mil habitantes.

Os registros colocando o Estado em 12º no ranking entre as outras 27 unidades federativas. É importante destaca que o índice é considerado alto e, inclusive, está acima da média nacional, de 1,4 casos por 100 mil habitantes.

Cenário nacional

Conforme os dados do último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, houve aumento de 9,8% entre 2022 e 2023. No ano passado, 258.941 mulheres foram vítimas de lesão corporal dolosa praticada pelos parceiros, no Brasil. Isso equivale a 709 casos por dia, que é como se, a cada hora, 29 mulheres fossem agredidas.

Enquanto em 2022 foram contabilizados 1.455 casos no país, em 2023 o número subiu para 1.467. A maior quantidade ocorreu nos seguintes estados: São Paulo (221), Minas Gerais (183) e Bahia (108).

Quando se trata de aumento percentual, os estados que registraram as maiores variações entre 2022 e 2023 foram: Acre (35,3%), Paraná (34,4%), Alagoas (19,2%) e Paraíba (19,1%), seguidos por Roraima e São Paulo, ambos com 17,7%.

Quando a análise é feita a partir da taxa de incidência, ou seja, a quantidade de casos de violência doméstica para cada 100 mil habitantes, o resultado é um pouco diferente. Nesse caso, os estados que lideram o ranking são: Mato Grosso (579,9), Rondônia (520,9), Roraima (474,2), Santa Catarina (441,2) e Paraná (407,1).

Quanto a quantidade de feminicídios, o país registrou aumento de 0,8%. Enquanto em 2022 foram contabilizados 1.455 casos no país, em 2023 o número subiu para 1.467. A maior quantidade ocorreu nos seguintes estados: São Paulo (221), Minas Gerais (183) e Bahia (108).

No entanto, de todos os crimes contra a mulher, o que mais cresce no país é a perseguição, também conhecida como stalking. A cada sete minutos, uma mulher é vítima de perseguição reiterada no Brasil, conforme o Metrópoles, parceiro do TopMídiaNews.

De 2022 para 2023, o aumento de registros de stalking foi de 34,5%, à frente, por exemplo, de violência psicológica (33,8%), ameaça (16,5%), lesão corporal (9,8%), tentativa de homicídio (9,2%), tentativa de feminicídio (7,1%), estupro (5,2%) e outros.

Essa tendência preocupa, pois, na visão de especialistas, a perseguição é o passo inicial para uma possível agressão e até um assassinado. “O stalking é o prenúncio de crimes mais graves”, diz o advogado criminalista Pedro Paulo de Medeiros.



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