COI aprova modelo de Paris 2024 e quer Jogos Olímpicos cada vez mais econômicos e sem grandes obras

Paris 2024 deverá, de fato, representar um novo paradigma para os Jogos Olímpicos. Edição mais econômica, desde Sidney 2000, o evento esportivo que é realizado na capital francesa, até o próximo domingo (11), servirá para ditar o modelo a ser adotado pelos Comitês Organizadores, no futuro próximo.

Em entrevista concedida nesta semana ao site norte-americano SportsPro, a diretora do Comitê Olímpico Internacional (COI) Jacqueline Barrett elogiou o modelo de sede adotado por Paris, neste ano. Ela comandará a organização das próximas edições dos Jogos.

O aproveitamento de construções e espaços já existentes e o uso de estruturas temporárias foram os pontos mais elogiados pela dirigente. “[Paris 2024 é] mais do que poderíamos esperar”, disse Barrett.

Os Jogos Olímpicos de 2024 utilizam um total de 95% de infraestrutura temporária ou já existente. A Vila Olímpica, que hospeda os atletas, e o Centro Aquático são os dois únicos espaços permanentes construídos especialmente para o evento.

Em comparação, das 43 estruturas utilizadas em Tóquio 2020, oito foram erguidas do zero, ao passo que, no Rio 2016, nove dos 18 locais tiveram de ser construídos.

Modelo mais sustentável

De acordo com Barret, a ideia é fazer com que os Jogos Olímpicos se adaptem à realidade da cidade ou região escolhida como sede.

“Nossa abordagem é a respeito de Jogos contextuais. É para o desenvolvimento sustentável, [usando] a quantidade máxima de locais existentes ou temporários. Não queremos construção, não pedimos construção para os Jogos. Se uma cidade, região ou país está investindo em seu futuro, tudo bem, podemos tirar proveito disso”, afirmou.

Conforme noticiou a Máquina do Esporte, o custo final de Paris 2024 deverá ficar um pouco acima dos US$ 9 bilhões (cerca de R$ 51 bilhões).

Para se ter uma ideia do que isso representa, Tóquio 2020 consumiu em torno de US$ 15 bilhões. Já Rio 2016 teve investimentos de US$ 17 bilhões, ao passo que Pequim 2008 custou, na época, US$ 40 bilhões. Em valores corrigidos, essa quantia alcança algo próximo a US$ 58 bilhões (R$ 333 bilhões).

Em recente análise publicada, o fundador e CEO da Máquina do Esporte, Erich Beting, afirmou que Paris 2024 procurou trazer um novo conceito para a organização de uma edição olímpica.

“Paris mostrou que é possível fazer uma Olimpíada menos glamourosa, mais inclusiva e, no final das contas, bem mais racional financeiramente. Tudo isso sem abandonar a capacidade de gerar dinheiro a cada nova oportunidade e criando uma sensação de êxtase para o torcedor”, escreveu.

De acordo com ele, o modelo adotado pelos franceses, vai na contramão do discurso que vinha sendo apregoado pelo COI e pelos governos dos países-sede, que buscavam destacar o suposto legado dos eventos para as populações e a economia locais.

“Até os Jogos do Rio 2016, o grande argumento que era utilizado pelo COI e pela cidade-sede era de que as Olimpíadas trariam desenvolvimento a uma área degradada. E, a partir dessa revitalização urbana, no longo prazo, o custo para abrigar os Jogos estaria pago. Foi a criação e propagação do termo ‘legado’ para gastos desenfreados em grandes eventos esportivos. O problema é que esse modelo funcionou em Barcelona 1992. De lá para cá, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012 e Rio 2016 foram Jogos deficitários para os respectivos países e, além disso, geraram um legado de transformação abaixo do prometido”, ponderou.

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