Trabalhando demais, ganhando de menos, é assim que motoentregadores enxergam a correria do dia a dia, no sol, frio, chuva e ainda colocando suas vidas em risco, durante entregas em Campo Grande. Um pedido? Valorização do fixo e pagamento total das taxas de entregas.
A observação feita por Paulo Roberto, 43 anos, que trabalha há 15 anos com entrega, é a mesma de muitos que ganham a vida da mesma maneira. As decepções vêm pela falta de reconhecimento e parceria entre comerciantes e trabalhadores na hora do pagamento.
Segundo ele, os comerciantes não estão dando importância para valores fixos e para as taxas, repassadas aos trabalhadores.
“Tenho um grupo de motoentregadores, e os valores que postam são absurdos, valores fixos de R$ 30 a R$ 40 e as taxas a partir de R$ 3. Se uma entrega a taxa foi passada a nós por R$ 5, do cliente foi cobrado R$ 7”, conta.
Para ele, o comerciante quando abre uma empresa, precisa ter consciência de que terá gastos com entregas, mas a maioria acaba lucrando em cima dos entregadores.
“Se o comerciante valorizasse mais o funcionário dele de entrega, nunca ficaria desesperado atrás de um motoentregador. Se houvesse um acordo, uma parceria com o outro, todo mundo saia ganhando, mas a gasolina está quase R$ 6, tem a manutenção da moto, pneu, transmissão, e eles querem ainda tirar o pouco que nos entra”, desabafa.
O trabalhador cita que neste grupo, tem entregadores que ganham metade ou até menos do valor da taxa passada ao cliente, quando eles poderiam e deveriam pegar o valor integral.
“As taxas variam conforme a distância, e também tem comerciantes que paga um valor e fica com o restante da taxa, o que para mim é muita malandragem, pois a taxa da entrega teria que ser só do motoentregador, mas infelizmente não temos que lute por nós a não ser nós mesmos, por isso pedimos reconhecimento e bom senso dos comerciantes”.
Publicação no Facebook
O assunto começou a ser comentado nas redes sociais, quando Paulo publicou uma foto no grupo Galera da Manobra da neblina e pediu reconhecimento aos trabalhadores neste dias de chuva e frio.
“Pessoal, tenha dó aí. Vocês têm noção do nevoeiro e o frio que os motoca tão enfrentando, sem falar na gasolina quase R$ 6. Vamos dar uma melhorada aí nos fixos e nas taxas”, pediu o motoentregador.
Outros entregadores aproveitaram a oportunidade para pedir caixinha e fixo dobrado em dias difíceis por conta do tempo.
“Comércio também na luta, bastam os clientes terem bom coração, R$ 1 real de caixinha para cada entregador já ajuda”, completou outro.
Gastos com manutenção foram citados durante pedido de reconhecimento. E pedido para que comerciantes não fiquem com as taxas também foi frisado.
“Os custos de manutenção estão altos, o comerciante agrega os custos em seus produtos. O motoca precisa, o comerciante muito mais pela sua lucratividade maior. Resumidamente é uma parceria que um necessita do outro”, disse um terceiro.