Final da Champions League: Raio-x comercial e financeiro do Real Madrid

Em um mundo cada vez mais dominado pelo imponderável e o caos, poucas certezas conseguem subsistir. Uma delas, no entanto, é que o Real Madrid ganhará a Champions League, mais dia, menos dia. Pode não ser nesta temporada, quando enfrentará o Borussia Dortmund na final, que será realizada neste sábado (1º), às 16h (horário de Brasília), no Estádio de Wembley, em Londres, no Reino Unido, mas é fato que acabará ganhando em algum momento.

Nenhum time da Europa é tão identificado com a competição continental organizada pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) quanto o clube espanhol. Quando o torneio foi lançado, em 1955, ainda com o nome de Taça dos Campeões, o Real Madrid logo se sagrou o primeiro campeão. E assim seria em cinco temporadas consecutivas, com o memorável time que teve gênios inesquecíveis como Di Stéfano, Didi e Puskas.

É verdade que, depois de ganhar seu sexto título da competição, na temporada 1965/1966, o Real Madrid afundaria em um jejum que só seria quebrado em 1996/1997. A partir daí, e sobretudo a partir da década passada, sob o comando do ex-treinador Zinedine Zidane e do craque Cristiano Ronaldo, os merengues viram sua hegemonia no continente disparar.

Se sobrepujar o Borussia Dortmund nesta final, o Real Madrid somará 15 taças, mesma quantidade de títulos somados de todos os times ingleses que já conquistaram a Champions League.

Ao todo, o Real Madrid já disputou 17 decisões do torneio. E o retrospecto tem sido extremamente favorável. Em apenas três delas o clube foi derrotado.

Mesmo contando com elenco e faturamento mais modestos, o Borussia Dortmund tentará impor o quarto fracasso ao gigante espanhol. O fosso que os separa, no entanto, é imenso.

Clube mais rico do mundo

Houve algumas épocas em que o Real Madrid chegou a ver sua hegemonia ameaçada na Europa. Mas, em anos recentes, o clube soube fazer valer sua mística e se firmar como uma verdadeira máquina de faturar dinheiro e títulos.

O time merengue ocupa o primeiro lugar no ranking trazido pelo relatório Deloitte Football Money League 2024. O estudo feito pela consultoria com sede em Nova York, nos Estados Unidos, mostra que, em 2023, a equipe faturou € 831,4 milhões (R$ 4,7 bilhões, pela cotação atual).

Isso significa que, sozinho, o clube espanhol respondeu por quase 8% das receitas totais obtidas pelos 20 clubes do ranking (€ 10,5 bilhões). O faturamento do Real Madrid no período foi quase o dobro do alcançado pelo Borussia Dortmund (€ 420 milhões).

Não que as receitas representem necessariamente uma garantia de sucesso dentro de campo. Prova disso é que o time alemão conseguiu eliminar o PSG na semifinal da Champions League 2023/2024, mesmo com a equipe francesa faturando € 801,8 milhões, em níveis bem próximos aos do Real Madrid.

Fontes de receitas

Na edição anterior do Deloitte Football Money League, o Real Madrid aparecia atrás do Manchester City, que, neste ano, caiu para a segunda posição no ranking.

O clube espanhol conseguiu elevar seu faturamento em € 118 milhões, de 2022 para 2023, graças a uma maior presença de público nos estádios e também ao aumento em suas receitas de varejo.

O Real Madrid foi um dos grandes da Europa que mais sentiram os reflexos da pandemia. Para se ter uma ideia do impacto, em 2019 a equipe havia faturado € 757 milhões. No ano seguinte, quando a Covid-19 se espalhou pelo continente, levando ao fechamento dos estádios e à paralisação dos campeonatos, as receitas dos merengues caíram para € 692 milhões.

Em 2021, houve uma nova queda, para € 641 milhões. Em 2022, apesar de subirem para € 714 milhões, os ganhos do Real Madrid ainda estavam abaixo dos níveis de 2019. Apenas no ano passado, portanto, é que o clube conseguiu superar os resultados financeiros de quatro anos atrás.

As receitas comerciais foram as grandes responsáveis por essa recuperação. Elas chegaram a € 403 milhões em 2023, contra € 319 milhões no ano anterior.

Depois de alcançarem € 311 milhões em 2021 (contra € 224 milhões em 2020), os ganhos do Real Madrid com direitos de transmissão se estabilizaram, com uma leve tendência de queda, chegando a € 306 milhões no ano passado.

Já as receitas de dias de jogos (matchday) também aumentaram, passando de € 9 milhões, em 2021, para € 88 milhões, em 2022, e € 122 milhões, no ano passado. Ainda assim, esse valor está abaixo dos € 145 milhões obtidos em 2019.

Elenco estelar

A disparidade entre Real Madrid e Borussia Dortmund não fica restrita apenas ao faturamento anual. Ela se reflete também nos elencos de cada equipe.

Segundo a plataforma Transfermarkt, o valor atual de mercado do plantel merengue chega a € 1,04 bilhão (R$ 5,85 bilhões). Isso representa mais do que o dobro da avaliação do elenco do Borussia Dortmund, que é de € 463,7 milhões (quase 2,6 bilhões).

O detalhe é que essa estimativa não leva em conta craques consagrados que, em breve, estarão no Santiago Bernabéu, como o francês Kylian Mbappé, hoje avaliado em € 180 milhões, ou mesmo jovens promissores como o brasileiro Endrick, contratado junto ao Palmeiras pela quantia de € 55 milhões.

Atualmente, o jogador mais caro do Real Madrid é o inglês Jude Bellingham (ex-Borussia Dortmund), cujo valor de mercado está na casa dos € 180 milhões. Em seguida, vem o atacante brasileiro Vinicius Júnior, avaliado em € 150 milhões.

Na terceira posição, está o também brasileiro Rodrygo, empatado com Federico Valverde, ambos cotados em € 100 milhões. Ou seja, se esses quatro atletas pudessem ser negociados pelos valores de avaliação, superariam o preço de todo o elenco do Borussia Dortmund.

Para terminar, o Real Madrid possui 21 jogadores que costumam ser convocados por seleções nacionais. Ao todo, 17 atletas do time são estrangeiros.

Redes sociais

Se a conta do Real Madrid no Instagram fosse um país, seria o nono mais populoso do mundo, com 159 milhões de pessoas, superando a Rússia, por exemplo, que tem 146 milhões de habitantes.

De acordo com a agência Samba Digital, o número de seguidores do time disparou graças à sua classificação para a final da Champions League, a sexta em dez anos.

Entre os dias 8 e 22 de maio deste ano, o Real Madrid ganhou, em média, 69 seguidores por minuto na rede da Meta. Foram 100 mil novos fãs por dia, totalizando 1,5 milhão de pessoas. No mesmo período, o perfil oficial do Borussia Dortmund ganhou 389 mil seguidores.

O engajamento do clube espanhol também teve fortes altas, tanto na classificação para as semifinais quanto no jogo em que garantiu a vaga na final, ao derrotar o Bayern de Munique. Na primeira ocasião, o Real Madrid obteve quase 64 milhões de interações em suas publicações. Já na segunda, o total de reações superou 72 milhões.

Nos jogos de ida das quartas de final e das semifinais, o engajamento nas postagens da equipe no Instagram estava na casa dos 34 milhões de interações.

Popular no Brasil

A popularidade do esquadrão merengue ao redor do planeta pode ser sentida inclusive em plataformas de venda. Na OLX, marketplace de classificados de produtos usados, as camisas de clubes europeus responderam por 18% das vendas do segmento no Brasil durante o primeiro quadrimestre de 2023.

Entre os uniformes mais vendidos de clubes da Uefa na plataforma, o Real Madrid ocupa a segunda posição no país, com 24% do total, logo abaixo de seu arquirrival, o Barcelona, que ficou com 28% dessa fatia.

Por outro lado, os merengues lideraram, no período, tanto o ranking de camisas mais buscadas de times da Champions League quanto a lista de uniformes mais anunciados na OLX para os brasileiros. Enquanto isso, o Borussia Dortmund ocupou apenas a 10ª posição e sequer aparece entre as 12 camisas mais vendidas de clubes europeus.

Patrocinadores

O Real Madrid tem como patrocinador máster a companhia aérea Emirates, dos Emirados Árabes Unidos. A alemã Adidas é a fornecedora de material esportivo. Já a HP estampa sua logomarca na manga da camisa do clube espanhol.

Apesar de o clube estar sempre em evidência, com seus jogos em casa sendo exibidos para o mundo todo, seu estádio, o Santiago Bernabéu, ainda não teve os naming rights negociados.

O nome do local homenageia o empresário que presidiu o Real Madrid de 1943 a 1978 (ano de sua morte) e que foi responsável por transformar o time em uma potência continental.

Em 2014, o clube chegou a firmar um acordo com o fundo Mubadala, que previa a liberação de um financiamento de € 400 milhões para a revitalização do estádio. Além disso, a investidora com sede em Abu Dhabi assumiria os naming rights do Santiago Bernabéu.

Porém, o contrato acabou não avançando por conta de mudanças no projeto, que levaram o fundo a abandonar a parceria.

Apenas em 2019 a obra recebeu autorização judicial para ser realizada. O Real Madrid aproveitou o período de fechamento dos estádios, ocasionado pela pandemia, para avançar com a revitalização.

No ano retrasado, o clube fechou um acordo de € 360 milhões com a companhia norte-americana Legends, que assumiu 30% da empresa criada para gerenciar o Santiago Bernabéu, pelo período de 20 anos.

Além desse aporte da Legends, o Real Madrid precisou levantar dois empréstimos, em 2019 e 2021, para viabilizar a obra, totalizando € 800 milhões.

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