Fotógrafo lambe-lambe: profissão antiga, hoje extinta, mas que já foi história em Campo Grande

Campo Grande completa 124 anos neste sábado (26), mas não podemos deixar de lembrar um grupo de profissionais que, de alguma forma ou em algum momento, registraram parte da história de pessoas que vivem ou que viveram nesta cidade. Referimos-nos aos fotógrafos ambulantes, que no decorrer dos anos ficaram popularmente conhecidos como lambe-lambes.

Os lambe-lambes surgiram no início do século XX. Eram fotógrafos que utilizavam uma máquina com o laboratório acoplado, o que lhes permitia revelar instantaneamente as fotografias tiradas nos jardins e praças públicas do Brasil. 

Em Campo Grande, a Praça Ary Coelho era o principal ponto de encontro desses profissionais, que até poucos anos atrás, era muito comum encontrá-los, encapuzados e quase fundidos a caixotes sobres tripés.

O trabalho desses profissionais era bastante requisitado na época. As fotos eram reveladas ali mesmo, quase que instantaneamente, o que dava ao fotógrafo uma mobilidade incrível, uma vez que não precisava mais se deslocar ao laboratório para revelar os filmes.

As imagens de vários tamanhos eram, na maioria, nas cores pretas e brancas, mas também havia as coloridas, que custavam um pouco mais caro. Valia muito a pena, principalmente para pessoas que guardam esses retratos até hoje.

Casais de namorados, turistas que vinham a Campo Grande, famílias, pessoas de diferentes classes sociais, em algum momento da época já foram registradas por uma das lentes dos vários lambe-lambes espalhados na cidade.

A aposentada Zilma Batista, que hoje reside no município de Bandeirantes, conta que já morou há muitos anos em Campo Grande e se lembra com muito carinho das várias vezes que precisou ir à Praça Ary Coelho e procurar um lambe-lambe para fazer fotos 3×4 para documentos e também para registro pessoal.

“Os fotógrafos nos recebiam muito bem, nos deixava a vontade e era tudo muito legal. Gostaria muito que esses profissionais voltassem, eles faziam fotos melhores até do que as que são produzidas em estúdios modernos de hoje”, disse a aposentada.

A professora aposentada, Elineia Andrade, ainda era uma menininha, mas se lembra perfeitamente de uma foto que tirou com um dos lambe-lambes que ficava na Praça Ary Coelho.

“Eu era muito pequena na época, nem me lembro da afeição do fotógrafo, mas guardo essa fotinha com carinho até hoje, afinal, é uma recordação muito boa e que marca a vida da gente. Olho para ela e vejo o quanto o tempo passou rápido”, comentou a professora.

Com a popularização das câmeras fotográficas, principalmente depois do advento das câmeras digitais, os fotógrafos lambe-lambes foram substituídos pela modernidade, que hoje está até na palma da mão de qualquer cidadão, através do aparelho de celular.

Remanescentes do lambe-lambe

Dos muitos fotógrafos que fizeram história através da profissão, apenas o Sr. Luiz e o Arceu estão vivos até hoje, porém, por conta dos problemas de saúde, já não exercem mais a profissão. Juntos, eles trabalharam mais de 40 anos na Praça Ary Coelho.

Além deles, o senhor Roque, irmão do Arceu, que faleceu há alguns anos atrás, também foi um profissional bastante reconhecido pelo trabalho desempenhado em Campo Grande, muitos registros foram feitos por ele e até hoje é lembrado pela qualidade e o carinho com ao qual dedicava ao trabalho.

Luiz e Arceu serão personagens do curta metragem ‘A mágica da foto lambe-lambe’, que será lançado em breve pela jornalista e cineasta Marineti Pinheiro.

(Fotos cedidas pela jornalista Marineti Pinheiro)



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