Os programas do Governo do Estado que visam gerar oportunidades de empregos, sobretudo mediante a qualificação dos trabalhadores, foram apresentados a secretários municipais, vereadores e gestores presentes ao 1° Congresso dos Municípios de Mato Grosso do Sul, realizado no Centro de Convenções Albano Franco, em Campo Grande, nos dias 3 e 4 de outubro. O secretário executivo de Qualificação Profissional e Trabalho da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Bruno Gouveia, e o diretor presidente da Funtrab (Fundação Estadual do Trabalho), Ademar Silva Junior, detalharam as propostas do Governo para o setor e responderam aos questionamentos dos presentes.
Gouveia foi o primeiro a fazer sua apresentação. Disse que Mato Grosso do Sul vive situação de pleno emprego, com índice de desocupação de 4%, o que representa um universo de 62 mil trabalhadores fora do mercado, mas por razões diversas que não se traduzem na falta de vagas. “Há vagas sendo criadas todos os meses, mas não são ocupadas porque falta pessoas qualificadas”, explicou.
O governador Eduardo Riedel decidiu enfrentar o desafio – continuou Gouveia – e determinou que se fizesse um diagnóstico para conhecer com profundidade o problema. Entre os vários dados levantados que ajudam a entender a situação, o secretário executivo destacou alguns: além das 62 mil pessoas desocupadas detectadas nas pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem ao todo 149 mil pessoas subutilizadas, incluindo os desempregados e aqueles que nem se candidatam a uma vaga de emprego ou que têm tempo livre para exercer outras funções. “É esse o público que precisamos focar”, completou.
Vouchers
Dessa forma, o Governo do Estado, em parceria com as entidades do Sistema S (Sebrae, Senac, Senai, Senar, Senat, Sesc) e após consultar os segmentos econômicos, desenvolveu o Plano Estadual de Qualificação Profissional MS Qualifica”, que compreende vários programas visando preparar os trabalhadores interessados em buscar novas oportunidades de emprego. Os cursos são ministrados pelo Sistema S, em parceria com o Governo do Estado, atendendo as demandas dos municípios para cada atividade profissional.
O primeiro programa executado foi o Voucher Caminhoneiro, que está em andamento e ofereceu 660 vagas para motoristas interessados em incluir as letras “D” e “E” na habilitação, sendo 410 em Campo Grande,100 em Três Lagoas, 40 para Dourados, 50 em Ribas do Rio Pardo, além de Corumbá (20), Chapadão (20) e São Gabriel do Oeste (20). Entretanto, o número de inscritos surpreendeu, foram mais de 7 mil, o que levou o Governo a estudar novas etapas do curso. “Algumas empresas também já manifestaram interesse em bancar os custos da qualificação para terem esses profissionais em seus quadros”, revelou Gouveia.
Outros programas que estão em desenvolvimento, no âmbito da Secretaria Executiva de Qualificação Profissional e Trabalho da Semadesc, são o Voucher Transportador e o Desenvolvedor de Sistemas. “A demanda vai definir onde e quais cursos serão ofertados”, explicou o secretário executivo. O curso tem custo zero ao trabalhador: os recursos para bancar o programa são oriundos do Ministério do Trabalho e Emprego, do Governo do Estado e do Sistema S.
Meta ousada
O diretor presidente da Funtrab, Ademar Silva Junior, traçou um panorama mais amplo do Plano MS Qualifica, detalhando público-alvo, meta, prazo, estratégias e recursos. Entre as várias classificações de desemprego (quem precisa se atualizar, quem nunca trabalhou, jovens que procuram o primeiro emprego) o Governo do Estado fez recortes e definiu um universo de 32 mil pessoas como público-alvo.
Ademar Silva Junior: foco nos jovens
“Desse total, nossa meta em dois anos é oferecer qualificação para 10%. São 13 mil pessoas, não é pouca gente, por isso precisamos do empenho de todos, sobretudo dos agentes que estão nos municípios, dos gestores municipais, dos secretários, vereadores. Vocês sabem quem precisa, onde está o trabalhador que precisa de qualificação”, disse.
O planejamento prevê qualificar 4.566 trabalhadores para atuar na Indústria, 4.045 no Comércio, 3.578 nos Serviços e 1.200 no Agronegócio. Para tanto o Governo trabalha com parceiros estratégicos (que são os municípios, empresas, sindicatos, associações, qualquer tipo de organização que ajude a localizar e incentivar os trabalhadores a buscar a qualificação) e parceiros operacionais, no caso as entidades do Sistema S – que oferecerão os cursos – e o Ministério do Trabalho e Emprego, apoiador com recursos.
Estão garantidos R$ 12,5 milhões para essa primeira etapa do Plano, afirmou Silva Junior, sendo R$ 5,1 do Governo do Estado, R$ 4,3 do Governo Federal e R$ 2,6 do Sistema S. A intenção é levar uma tabela variada de cursos para todos os municípios a fim de atender as demandas locais, e havendo especificidades, as entidades do Sistema S estão dispostas a desenvolver cursos apropriados para atender cada caso.
“Nosso foco são os trabalhadores fora do mercado e, sobretudo, os jovens que saem do Ensino Médio e preferem buscar um emprego, ao invés de continuar estudando. Esses jovens não estão qualificados e quando encontram trabalho, ganham pouco e logo ficam desestimulados”, completou.
Os programas que integram o Plano MS Qualifica serão lançados em breve, com detalhamento e ampla divulgação, para oportunizar a todos os municípios participar dos cursos. O compromisso do governador Eduardo Riedel é não deixar nenhum município de fora, afirmou Gouveia.
