Haddad diz que vai apresentar alternativa à desoneração da folha após votação da reforma tributária

De acordo com o ministro, a proposta já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não foi debatida com os líderes partidários do Congresso

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que vai apresentar ao Congresso Nacional uma proposta alternativa sobre a desoneração da folha de pagamentos após a votação da reforma tributária – que deve acontecer ainda nesta semana.

De acordo com o ministro, a proposta já foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não foi debatida com os líderes partidários do Congresso.

“(A proposta) já está submetida ao presidente (Lula). O presidente aprovou como estamos conduzindo as coisas e não tratamos com os líderes sobre o assunto, mas o compromisso nosso, desde o começo eu falei, que aprovando a reforma tributária, vamos resolver esse problema”, disse na manhã desta segunda-feira (11) na porta do Ministério da Fazenda.

Segundo a analista política da CNN Larissa Rodrigues, uma ala do Congresso sugeriu ao governo federal aceitar a derrubada do veto presidencial ao projeto de lei que estende a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia até 2027. Em troca, prometem apoiar um Projeto de Lei sobre o tema para tramitar no próximo ano.

No entanto, parlamentares ouvidos pela CNN dizem que já não há mais tempo hábil para que a proposta seja enviada e analisada ainda em 2023.

“Os diálogos aconteceram, a Fazenda disse que iria mandar uma alternativa, mas até agora nada. O tempo até o recesso é curto, não dá para votar nada nesse período. Por isso, agora só resta inverter a ordem dos fatos: o governo libera a base e em 2024 debatemos um novo projeto de lei sobre o assunto”, afirma o autor do projeto que prorroga a desoneração da folha, Efraim Filho (PB), líder do União Brasil no Senado.

Votações no Congresso

O ministro foi questionado após reunião com Lula na manhã desta segunda. Segundo ele, o governo está confiante no mérito do texto da reforma tributária que foi “muito negociado”.

Haddad ainda disse que pode ter algum senador ou deputado que ainda precisa ser convencido sobre a proposta, mas que o entendimento do governo com os congressistas está “avançado”.

Mesmo assim, Haddad não descartou a possibilidade de enviar mais medidas ao legislativo com o intuito de aumentar a arrecadação e chegar aos R$ 168 bilhões necessários para atingir o déficit zero em 2024.

Haddad ainda afirmou que os cálculos da equipe econômica já contam com as possíveis votações e estão seis meses a um ano adiantados, contando com as variáveis do parlamento.

“Aprovadas essas medidas, se der tudo certo, tem que começar a fazer um trabalho de coordenar com a política monetária e política fiscal, para o país voltar a crescer. O crescimento vai tratar de todos os remanescentes. (…) É uma construção que você vai fazer mês a mês e acompanhar a arrecadação”, disse.

“A Fazenda está sempre seis meses a um ano adiantado em relação à agenda de hoje. Porque se precisar tomar novas medidas, aí a gente vai ter que tomar tanto do ponto de vista da despesa quanto da receita. Vamos consolidar no tempo, mas o crescimento vai ajudar muito”, afirmou.

”Choque fiscal” na economia Argentina

O ministro ainda foi questionado sobre o discurso de posse do novo presidente argentino, Javier Milei, que prometeu dar um “choque” na política fiscal do país vizinho para solucionar a crise econômica.

Haddad disse que acompanhou as palavras de Milei, mas que não pode comentar sem saber quais medidas serão tomadas.

“Eu acompanhei o discurso, mas não posso comentar antes de saber medidas. E também é um assunto interno da Argentina, e a gente torce para o país se recuperar”, disse.

expectativa é de que os anúncios sejam feitos pelo ministro da Economia, Luis Caputo, nesta terça-feira (12).

 

Fonte: CNN Brasil

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