Das várias situações constrangedoras enfrentadas por pais e mães, durante palestra do Procurador de Justiça, Sérgio Fernando Harfouche, em escola municipal, uma chamou a atenção: a insistência da autoridade em fazer uma participante adicioná-lo em rede social.
O caso aconteceu na noite de 18 de junho, na Escola Municipal Elizio Ramirez Vieira, no Jardim Pênfigo. O tema da fala do procurador era ”Autoridade dos Pais sobre os Filhos”. No entanto, conforme uma mãe, que preferiu não se identificar, foi vergonhoso ver o palestrante forçar uma convidada a acessar a rede social diante do público.
Ainda segundo a denunciante, que se disse horrorizada com a situação, Harfouche queria que a mãe conhecesse a história de ações dele, postada no Instagram.
O caso
Mãe de aluno da Escola Municipal Elizio Ramirez Vieira denuncia grosseria e ameaças durante palestra do Procurador de Justiça Sérgio Fernando Harfouche, em Campo Grande. O caso ocorreu na noite de 18 de junho, quando a autoridade sugeriu que alunos indisciplinados teriam de lavar o banheiro e mães fazerem deles fazerem a merenda como ”punição”
A denunciante, que preferiu o anonimato, detalhou que a ameaça aos pais começou com o próprio convite para a palestra. Conforme imagem enviada ao site, o bilhete diz que a ausência no encontro poderia configurar ”abandono intelectual”.
O tema da fala de Harfouche foi ”Autoridade dos Pais sobre os Filhos”. Porém, no encontro, o membro do Ministério Público teria feito promessas de caráter político-eleitoral e se dirigido ao público de forma autoritária.
”O que ele falava era: ‘a partir de hoje, criança que fizer alguma indisciplina vai lavar banheiro… criança que der problema, que não consegue resolver na escola, uma duas vezes, quem vai pagar é a mãe… vai limpar o pátio”, relatou a denunciante.
O ambiente da palestra, diz a mãe, era uma sala cheia de pais e crianças de colo e outras com deficiência. ‘Insuportável de calor… criança chorando”, lamentou a participante.
Em outro trecho da denúncia, a fonte diz que um pai de aluno reparou no discurso e teria perguntado se o procurador seria candidato a alguma coisa.
”… aí ele ficou constrangido… notou que a gente não estava gostando”, garante a reclamante.
Procurador foi agressivo e inconveniente em palestra (Foto: Wesley Ortiz – arquivo)
Ameaça
Os participantes, garante a denunciante novamente, receberam um papel na entrada e teriam de entregá-lo ao final da palestra. O procurador não gostava quando alguém devolvia o termo e dizia que seriam convocados novamente.
”Ele se irritava quando as pessoas reclamavam e dizia que se ‘enrolassem’ ficaríamos até mais tarde, até o fim”, denunciou. Será que a prefeita sabe que ele está fazendo isso nas escolas?”, questionou a mulher.
Entramos em contato com o Ministério Público Estadual do MS para manifestação e o espaço está aberto.
Já a prefeitura a explicou que a palestra ocorre no âmbito do Programa de Conciliação para Prevenir a Evasão e a Violência Escolar, o Proceve, criado pelo próprio Harfouche e depois transformado em lei municipal, a 5.611/2015.
No entanto, a nota não cita a denúncia da mãe e acrescenta:
”… a sociedade campo-grandense sofre desafios constantes e o ProCeve é uma ferramenta para formar responsabilidade por meio do resgate dos papéis de educadores, pais e alunos, promovendo a melhoria do ensino à medida que envolve aqueles com autoridade sobre crianças e adolescentes no processo educacional… ”.