Maquinistas: NWB não entrará na disputa por direitos de transmissão, diz Rafael Grostein

No momento em que as transmissões esportivas via streaming ganham cada vez mais repercussão no mercado, muitos poderiam apostar nesse formato como o investimento certo para quem deseja se destacar produzindo conteúdo sobre esporte nas redes.

A NWB, porém, analisa com reservas esse filão, no momento em que os custos dos direitos de transmissão sobem de maneira exponencial no Brasil e no mundo.

Entrevistado desta semana do podcast Maquinistas, da Máquina do Esporte, Rafael Grostein respondeu se sentia algum arrependimento com a escolha da NWB de não focar suas energias na transmissão de eventos ao vivo, modelo hoje adotado por plataformas como Cazé TV e Goat.

Questionado por Erich Beting, que apresenta o programa ao lado de Gheorge Rodriguez, o diretor-geral da empresa, que hoje é parte do Grupo SBF e comanda canais como Desimpedidos, Acelerados, Passa a Bola e André Hernan, chegou a citar algumas experiências bem-sucedidas, no campo das transmissões ao vivo.

“Lá atrás, já fizemos muitos eventos ao vivo. Transmitimos Libertadores, junto do Facebook, Brasileirão Feminino, junto da CBF, e estamos fazendo o Paulistão Feminino, junto da Centauro. Existe um lugar para a transmissão de eventos ao vivo convivendo com esse universo complexo de influenciadores e produção de conteúdos em vídeo”, explicou.  

Logo em seguida, porém, o executivo ponderou: “Mas o custo de aquisição de direitos, pelo que estou vendo, só vai subir. Ir disputar direito, comprando e revendendo, não é nosso modelo de negócio. Nosso modelo é aproveitar algumas oportunidades com parceiros, para dar visibilidade, e também empoderar criadores”, afirmou.

Na visão de Grostein, a disputa pelos direitos de eventos considerados “super premium” tem se tornado cada vez mais voraz. Em contrapartida, os desafios são crescentes, mesmo para gigantes como o YouTube, que, na visão do entrevistado, tem se aproximado cada vez mais daquilo que hoje se entende como televisão.

“A experiência para quem assiste é muito boa. Mas, como modelo de negócios, traz desafios. Como você distribui gratuitamente, conectando marcas, sendo que a TV aberta fará o mesmo, mas com um alcance muito maior? E os custos de aquisição dos direitos lá em cima”, ponderou.

Outro ponto destacado por ele é que, na medida em que uma plataforma constrói sua audiência baseada na transmissão de eventos ao vivo, ela passa a se tornar cada vez mais dependente dos direitos de transmissão e dos custos que eles acarretam.

“Existe uma questão de frequência. Você precisa manter várias transmissões, sempre. Quando acaba uma transmissão, seu canal cai no ostracismo. Então, como é que você dá cadência? Precisa adquirir mais direitos”, disse.

Ecossistema

Numa época em que muito se fala de individualismo e competição exacerbada, a NWB adotou um modelo de cooperação, que, não por acaso, é definido como um ecossistema de produtores de conteúdos.

Atualmente, a empresa conta com quase 1 mil criadores, cenário que contrasta com os primórdios da NWB, em que a presença de produtores de conteúdo era ainda uma novidade no mercado. “Quando chegamos, era tudo mato. Na época, era inimaginável que Galvão Bueno estivesse fazendo suas resenhas no Instagram e o YouTube. Mas hoje isso é uma realidade”, afirmou Grostein.

Na medida em que mais e mais criadores de conteúdo surgiam, a NWB deu-se conta de que seria mais vantajoso trazê-los para seu lado do que tentar enfrentá-los. “Por isso, a gente colocou no ar, em 2018, a agência Teia, de aceleração de criadores”, disse.

Atualmente, de acordo com ele, a NWB atua não apenas no relacionamento dos influenciadores com as marcas, mas também com as próprias plataformas, já que possui um trânsito facilitado com o YouTube, Instagram e outras redes.

Desafios

A aquisição pelo Grupo SBF, ao mesmo tempo em que impulsionou a NWB, trouxe desafios à empresa. Impactar o resultados do varejo de sua nova proprietária passou a ser uma das preocupações de Grostein.

Ao analisar a jornada do consumidor e os resultados do Grupo SBF, o executivo afirma que já consegue detectar a presença do trabalho desenvolvido pela NWB em diversos pontos.

O diálogo com o público mais jovem foi outro ponto abordado por Grostein na entrevista. “Pegue o exemplo do consumo do futebol. Os 90 minutos de jogo têm uma relevância inquestionável, mas, para a Geração Z, menos. Ela está mais interessada no antes e no depois, na vida dos atletas, na moda influenciada pelo futebol, nas histórias que existem por trás do jogo”, afirmou.

Grostein também falou sobre a participação de sua grande estrela Fred, do Desimpedidos, na última edição do Big Brother Brasil (BBB). A decisão do influenciador de ir para o confinamento no programa da Globo, ficando várias semanas afastado da produção de conteúdos, foi encarada como “doce amargo” pela NWB.  

“A ausência dele, durante o programa, nos impactou em receita e alcance. Mas, quando retornou, trouxe um legado de construção de notoriedade, que hoje podemos aproveitar ao lado dele”, afirmou.

A NWB apoiou Fred durante o programa, inclusive com equipes ajudando no engajamento em prol do influenciador. Segundo Grostein, a ida do líder do Desimpedidos para o BBB foi precedida por conversas individuais com cada um dos anunciantes do canal.

“Houve processo de calibragem com marcas. Alguns nem se importaram. Foi ‘vida que segue’. Outras optaram por recolher o patrocínio. Esse trabalho precisou ser feito um a um”.”, explicou.

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