Caso explícito de preconceito contra indígenas chocou moradores de Nioaque, a 183 Km de Campo Grande. Áudio mostra servidor da Saúde dizendo que ”tem que matar essas desgraças” ao reclamar dos nativos. O prefeito, Valdir Couto, que é dentista, duvidou da denúncia. O candidato apoiado por ele, o médico Dr. Juliano Marchetti (PSDB), não comentou.
A situação envolve uma idosa indígena, da etnia Atikum, que sofreu um AVC no dia 17 de setembro e foi atendida no hospital local. Ela precisou ser transferida para o Hospital Universitário em Campo Grande. No dia 18, a idosa, acompanhada da filha Marinalva Conceição Vicente, 40 anos, recebeu alta e acionou o serviço de saúde para uma ambulância ir buscá-las.
Em razão da longa espera e só no dia seguinte, a filha decidiu voltar com a mãe de ônibus para Nioaque. Quando estava na Rodoviária da Capital, a indígena recebeu ligação dizendo que a viatura já estaria saindo do interior para o transporte. No entanto, a filha disse que não precisava mais.
Tempos depois, a filha da paciente se deparou com um áudio em um grupo de WhatsApp, onde o chefe-geral do Transporte de Saúde da cidade diz:
”… deixa quieto esse povo aí… esses indígenas têm que matar tudo, essas desgraça aí”, disse o servidor.
Com demora, idosa indígena voltou do hospital na Capital de ônibus (Foto: arquivo pessoal)
A filha Marinalva ficou revoltada com a situação. Ela denunciou o caso, inclusive registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil local. Porém, ficou mais abalada ao saber que as autoridades duvidaram da denúncia em razão de ser período eleitoral.
Conceição tem um áudio do prefeito Valdir Couto, que diz:
”Chega no período eleitoral eles [oposição] criam até o que não existe”, observou Valdir. Ele disse que sempre defendeu as comunidades indígenas, mas atribuiu o caso à candidatura adversária.
”Eles mesmos criam esse tipo de fake news”, disse novamente o prefeito. Valdir apoia o médico Dr. Juliano a prefeito de Nioaque. O candidato tem dito na campanha que vai ”revolucionar a saúde de Nioaque”, mas nas redes sociais dele não consta nenhum comentário sobre o racismo citado.
A secretária de Saúde, Marcia Jara, também gravou áudio e citou que o caso poderia ter viés político. Mas depois disse que um procedimento administrativo seria aberto.
”Não tem nada a ver com política… isso me revolta muito. Vou até o fim nessa denúncia”, garantiu Marinalva.
O TopMídiaNews entrou em contato com Valdir e Juliano, mas não teve retorno. O espaço segue aberto.