Pai de criança vítima de racismo quer ir embora de Campo Grande: 'foi a gota d'água'

Depois de denunciar a escola da filha de 4 anos por episódio de racismo, na Vila Nasser, o pai da menina quer ir embora com a família de Campo Grande. Para ele, o caso relatado pela criança e o resultado da reunião na escola foi a gota d’água para a família deixar a cidade.

O caso foi denunciado na quinta-feira (7), na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), depois que a menina chegou em casa, na hora do almoço, pedindo para arrancar os cabelos, pois a professora teria dito que era “feio” e deveria ser “liso”.

Chocados com o relato da filha, os pais tentaram acalmar a criança, que ainda detalhou outros momentos de racismo.

“Ela contou que a professora falou que o cabelo dela era feio porque era enrolado e tinha que ser liso”, conta o gerente administrativo, 30 anos.

Ainda segundo o pai, a filha narrou que não podia brincar com uma amiguinha por ser preta. 

Os pais foram chamados para uma reunião após a denúncia. Acreditando que seria ouvido e pudesse resolver a situação, o pai conta que foi surpreendido com diálogo ameaçador.

“Minha filha destruída psicologicamente, a escola me chamou para conversar me dizendo que arrumariam um psicólogo para ela, pois ela não brinca, não interage com outras crianças, tenta tomar o lanche das outras crianças e ainda disseram que minha filha pega as coisas das outras crianças e esconde na própria mochila, dando entender que minha filha é a problemática, ladra, e que o problema vem de casa”, conta ao TopMídiaNews.

Para a família, o baque dos dois dias foi grande o bastante para eles analisarem a mudança de cidade. 

“Minha família é de Goiania, estamos estudando seriamente a possibilidade de ir embora daqui. Para mim isso foi a gota d’água. Já passei muito por isso e fiquei quieto, mas minha filha não. Vou lutar pelos direitos dela, para não passar mais por isso, mas aqui a gente não quer ficar mais”, desabafa.

Ainda segundo o pai, a filha não quer retornar à escola, pedindo para não ver mais a profissional. “Fui coagido na reunião a não fazer nada, caso contrário providências seriam tomadas a respeito e dependendo da minha escolha. A professora procuraria os direitos dela, por se sentir ofendida com a acusação. Não vou desistir de buscar por justiça”, disse.

Resposta da Semed

A reportagem entrou em contato com a Semed (Secretaria Municipal de Educação) que disse, em nota, que a informação foi apurada pela direção da escola e não procede.

“Na ocasião, a coordenadora da escola estava no pátio onde a aula ocorria e nada do que foi relatado pelos pais da aluna, foi presenciado. A direção procurou os pais da aluna no primeiro momento para ouvi-los, mas eles não foram localizados. Na manhã de hoje, sexta-feira (7), o pai compareceu na unidade escolar, sendo ouvido pela direção escolar, que por sua vez, já prontificou uma psicóloga da Rede Municipal de Ensino para os devidos acompanhamentos à aluna, professora, família e todos os envolvidos”, diz a nota.

A Secretaria reforça ainda que existe a DAE (Divisão de Acompanhamento Escolar), setor que realiza palestras frequentes sobre bullying e discriminação em todas as escolas municipais para alunos, professores e equipe técnico-pedagógica. A pasta também oferece suporte psicossocial para alunos, famílias e profissionais da escola que necessitem de apoio.



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