Polícia militar de folga acusado de ter agredido barbeiro diz que denunciante fumava maconha constantemente e teria oferecido a droga para o filho dele, de 13 anos.
O caso aconteceu na noite de sábado (18), na Vila Marli, em Campo Grande. O militar justificou a ação dizendo que as reclamações de vizinhos sobre uso de maconha eram constantes no salão. Já o barbeiro tem outra versão e diz que foi cortado com coronhadas.
O soldado da PM detalha que, em data anterior, já tinha advertido o irmão do cabeleireiro por conta de uso de drogas e este prometeu não consumir mais ali. Na noite dos fatos, o policial afirmou que estava em uma conveniência com a mulher e o filho. Segundo ele, o garoto foi para casa, que fica em frente à barbearia, para ir ao banheiro, quando recebeu a oferta de drogas.
O relato dá conta também que o garoto contou a situação ao pai, que foi tirar satisfações no salão.
”… fui falar com eles, porém já foram agressivos… foi preciso que eu empurrasse o barbeiro dando um tapa para me defender, onde veio a pegar meu relógio no rosto dele”, justificou o PM. O soldado detalhou que não estava armado e sim com o celular na mão.
O TopMídiaNews apurou que o barbeiro tem cerca de 12 passagens pela polícia, sendo receptação, ao menos quatro por consumo de drogas, tráfico de entorpecentes (enquanto menor), dirigir sem habilitação, ameaça e desobediência.
Outra versão
A vítima alega que o policial e um colega – que também seria PM – estavam bebendo em uma conveniência próxima da casa dele e perto da barbearia. Segundo ele, o militar argumentou que o profissional estava fumando maconha no salão e invadiu o local com uma arma em mãos. No entanto, o trabalhador nega consumo de ilícitos.
Conforme mostra um vídeo gravado por populares, o homem entra no estabelecimento e começa a gritar. A gravação mostra barulhos sequenciais, que seriam as agressões contra o barbeiro e o cliente.
”Levei sete coronhadas”, aponta a vítima, que destaca estar assustada e sem poder trabalhar. Na versão dele, o policial dizia que iria colocar um quilo de maconha e prender o barbeiro por tráfico. Um cliente também teria levado coronhadas e recebeu ordens para fugir do local.
É possível ouvir duas frases ditas pelo suspeito, quando ainda está na barbearia: ”Eu te avisei, que porra é essa aqui, rapaz?” e ”Tá pensando que eu sou moleque?”.
Ainda conforme o vídeo, o militar joga um mobiliário no meio da rua e a chuta, com algo em mãos. A vítima detalhou que o acompanhante do policial não o agrediu, somente ”ficou na contenção” do suspeito.
A esposa e um filho do policial teriam presenciado o caso e agido para contê-lo.
Momento que policial quebra mobiliário da barbearia (Foto: Repórter Top)
Denúncia de racismo
O barbeiro detalhou que foi ofendido e que o policial ordenou que iria proibi-lo de trabalhar ali.
”… tava bêbado e transtornado… ele disse: ‘eu não quero mais vocês aqui na frente.. não quero mais essa pretaiada, essa maloqueirada aqui”, denuncia o barbeiro.
Ele está com o rosto cortado e não sabe se vai seguir atuando no local.
Revolta
O pai do barbeiro está revoltado com a situação e diz que vai procurar justiça contra o agressor. O caso foi registrado na Corregedoria da Polícia Militar.
”Denunciamos porque queremos agir dentro da lei, ao contrário do que ele, como policial, não fez”, disse o pai do agredido.
”Poderia ter uma tonelada de maconha dentro da barbearia, ele [PM] que usasse os meios da segurança, da polícia, para investigar”, refletiu mais uma vez o pai da vítima.
”Uma instituição tão grande e respeitada como a Polícia Militar não pode ter sua imagem maculada por um policial violento e alcoólatra”, observou o homem.
Resposta
A assessoria da PM informou que o caso está em apuração e que ”o comando da instituição não coaduna com qualquer desvio de conduta de seus integrantes.