Quase metade dos clubes da Série A ignoram Dia Internacional contra a LGBTfobia

O 17 de maio, que marca o Dia Internacional contra a LGBTfobia, contou com uma adesão maior em 2024, mas ainda segue sendo ignorada por quase metade dos clubes da Série A do Brasileirão.

Entre os 20 principais times do país, Atlético-GO, Corinthians, Criciúma, Cuiabá, Flamengo, Grêmio , Internacional, Juventude e Vasco ignoraram a data em suas contas oficiais de Instagram e X (antigo Twitter), as duas principais redes sociais de compartilhamento de mensagens e ações.

A adesão à campanha, porém, tem crescido entre os clubes brasileiros. Mais da metade deles fizeram postagem sobre o dia. A mais contundente foi a do Fortaleza, um dos clubes que costuma ser bem ativo em questões relacionadas aos direitos humanos.

“Em campo, nos esforçamos e damos o melhor de nós para alcançarmos pontuações cada vez maiores. Mas fora dele, existe uma outra tabela que merece, e muito, a sua atenção”, afirmou o Leão do Pici em sua conta oficial no Instagram.

“A violência contra pessoas LGBTQIA+ precisa parar e é com respeito que, também, podemos combater o preconceito. Respeite as diferenças. Sempre”, acrescentou o clube cearense.

Junto à postagem, o Fortaleza lembrou que o Ceará foi o segundo estado que mais matou pessoas LGBTQIA+ no Brasil em 2023, com 24 mortes, atrás apenas de São Paulo, que registrou 28 assassinatos segundo dados do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ no Brasil.

Nordeste

A data não foi lembrada pelo maior rival do Fortaleza, o Ceará, que disputa a Série B do Brasileirão. Os demais times nordestinos na elite, porém, também destacaram a luta.

“Consideramos justa toda forma de amor”, afirmou o Bahia, cujo presidente, Emerson Ferretti, ex-goleiro do clube, é assumidamente gay.

Já o Vitória exaltou que “sejam todos livres para amar e serem amados”.

“O Esporte Clube Vitória reforça o compromisso de combate a homofobia, transfobia e bifobia. Somos um clube de todos e para todos”, afirmou o time baiano, com emojis de arco-íris, símbolo do movimento LGBT, e de leão, mascote do Vitória.

Problema grave

O 17 de Maio marca o dia em que a homossexualidade foi retirada do Código Internacional de Doenças em 1990 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Assim, a data se tornou símbolo de luta e resistência e também dia para exaltar toda a forma de amor.

O dia tem muita importância para um país como o Brasil, que lidera o triste ranking de local que mais mata pessoas trans no planeta.

Segundo a 7ª edição do Dossiê: Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras em 2023, elaborado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), em 2023, houve 155 mortes de pessoas trans no país. Desse total, 145 casos foram de assassinatos e dez cometeram suicídio após sofrerem violências diversas.

O número de assassinatos aumentou 10,7%, em relação ao relatório de 2022, quando houve 131 casos. No ano passado, a média de assassinatos de pessoas trans foi de 12 por mês. De acordo com o levantamento, das 145 mortes violentas, cinco foram cometidas contra pessoas trans que eram ativistas de direitos humanos.

Sudeste

No eixo Rio-São Paulo, a data foi lembrada por Atlético-MG, Botafogo, Cruzeiro, Fluminense, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos e São Paulo. Muito ativo em questões sociais, estranhamente o dia foi ignorado pelo Vasco, que vive turbilhão administrativo, com a destituição da 777 Partners como dona da SAF do clube.

O Cruzeiro foi um dos clubes que mais elaboraram sua mensagem para a data, utilizando a imagem de Ana Clara e Jully Silva, duas jogadores da equipe feminina, em um vídeo para registrar a importância do dia.

“No Dia Internacional de combate à LGBTfobia, nossas atletas levantam a bandeira do respeito e da liberdade! Um dia pra reforçar que preconceito é crime e que a luta por uma sociedade mais segura é responsabilidade de todos. Estamos juntos no combate à discriminação!”, exaltou a Raposa.

Seu arquirrival, o Atlético-MG, também exaltou a data, defendendo a “liberdade de ser quem é, sem discriminação ou preconceito”.

“No Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, celebrado nesta sexta-feira (17/5), o Galo e o Instituto Galo reforçam a promoção da igualdade e o combate a qualquer tipo de ato discriminatório”, afirmou o clube.

Maior torcida entre os clubes que lembraram da data segundo pesquisa recente da Quaest/CNN/Itatiaia, o Palmeiras exaltou o dia em sua conta no X (antigo Twitter).

“O #PalmeirasDeTodos joga pelo respeito dentro e fora de campo! Transformar o futebol num ambiente inclusivo é um compromisso de cada um de nós. Vamos juntos! #SomosSociedade #PorUmFuturoMaisVerde”

Os times paulistas foram na mesma direção. “Se o respeito pelo próximo não é o suficiente para fazer entender que somos iguais, a lei te mostra. LGBTfobia é crime!”, lembrou o São Paulo.

“Nunca do lado do ódio, do preconceito e da segregação. Santos, o time do amor!”, afirmou o Santos, que disputa a Série B do Brasileirão nesta temporada.

O Red Bull Bragantino conclamou: “Todos merecem respeito. Homofobia é crime!” O clube também postou uma bandeira de arco-íris (símbolo do movimento LGBT) com o escudo da equipe.

No Rio, o Botafogo foi quem postou a mensagem mais longa: “Neste Dia Internacional Contra a Homofobia, o Botafogo une forças na corrente por justiça, igualdade e respeito em todas as esferas da sociedade. Que a liberdade e o acolhimento vençam os preconceitos!”

Já o Fluminense foi sintético: “Orgulho de ser o #TimeDeTodos!”

Sul

Entre os times do Sul que disputam a elite do Brasileirão, apenas o Athletico Paranaense lembrou a data. “Respeito à diversidade, sempre. Homofobia é crime!”, lembrou o Furacão.

Seu principal rival no Paraná, o Coritiba, que neste ano disputa a Série B do Brasileirão, também aderiu à campanha contra homofobia.

“O futebol é para todos! Homofobia é crime! Seguimos juntos contra todas as manifestações de preconceito e discriminação. #HomofobiaNão”, afirmou o Coxa Branca.

Os gaúchos, possivelmente muito envolvidos em outra campanha social importante, relacionadas às enchentes que assolam o estado, ignoraram a data. Já o Criciúma, representante catarinense na Série A em 2024, também se concentrou em postagens sobre campanhas de arrecadação de recursos para os atingidos pela tragédia no estado vizinho.

CBF

A CBF foi outra entidade a fazer uma postagem de impacto para lembrar a data de luta contra a LGBTfobia. No Instagram, a confederação brasileira lembrou que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, que há uma morte violente por homofobia a cada 38 horas em território nacional e que a violência contra pessoas LGBTQIA+ cresceu 15 vezes em sete anos.

“Enquanto você diz que é mimimi, esses números só aumentam”, afirmou a entidade.

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