Novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marco Antonio La Porta ocupou o cargo de vice-presidente da própria entidade durante a gestão do atual mandatário Paulo Wanderley Teixeira. Deixou o cargo em março, para poder se candidatar à presidência em chapa com Yane Marques, medalhista de bronze no pentatlo moderno nos Jogos de Londres 2012.
Sua grande façanha foi ter sido o chefe da delegação do Time Brasil durante a participação nos Jogos de Tóquio 2020, quando o país conseguiu sua melhor participação olímpica na história. Na ocasião, o Brasil conquistou 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes (21 medalhas no total), terminando em 12º lugar no quadro geral de medalhas.
Em Paris 2024, mesmo com mais recursos para a preparação olímpica, o país caiu para o 20º lugar na classificação, com 3 ouros, 7 pratas e 10 bronzes (20 pódios.
Trajetória
Eleito com 30 votos a 25 contra a chapa da situação, encabeçada pelo atual presidente, La Porta irá comandar o COB no ciclo olímpico até Los Angeles 2028. O dirigente iniciou trajetória no Exército brasileiro, tendo se formado em Ciências Militares na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), durante os anos 1980.
No Exército, também se formou em Educação Física antes de ir para a reserva com a patente de coronel. Nos anos 2000, La Porta buscou a especialização na área esportiva, cursando mestrado em Ciências do Esporte e Motricidade Humana. Tornou-se técnico de triatlo e, posteriomente, presidente da confederação brasileira da modalidade.
Chefe de missão do triatlo em Londres 2012 e Rio 2016, La Porta chegou a vice-presidente do COB em 2018, substituindo o próprio Paulo Wanderley, que havia se tornado presidente após a renúncia de Carlos Arthur Nuzman, no ano anterior.
No mandato seguinte, venceu a eleição para vice-presidente do COB integrando a chapa de Paulo Wanderley, eleito para novo mandato. No cargo, foi chefe de missão do COB nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e Olimpíada de Tóquio 2020, realizadano ano seguinte devido a adiamento por causa da pandemia da covid-19.
Mudanças
Na presidência, La Porta deve mexer em alguns cargos do COB. Uma das críticas do dirigente à gestão de Paulo Wanderley era à chamada República do Judô, em que muitos dos cargos chave da entidade estavam nas mãos de profisisonais vindos da modalidade. Anter de ser mandatário do COB, Paulo Wanderley havia exercido o mesmo cargo na Confederação Brasileira de Judô (CBJ).
Por conta disso, uma das primeiras ações do novo presidente deve ser convidar Jorge Bichara, antigo diretor de esportes do COB, a retornar à entidde. Profisisonal ligado ao atletismo, Bichara trabalhou no comitê por 17 anos, em alguns deles em parceria com La Porta, até ser demitido por Paulo Wanderley em 2022.
O dirigente decidiu desdobrar o cargo para dois profisisonais. Assim, Ney Wilson tornou-se gestor de alto rendimento, e Kenji Saito virou diretor de desenvolvimento esportivo em substituição a Bichara. Ambos vieram do judô. O antigo diretor, por sua vez, tornou-se diretor técnico da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), cargo que exerce desde o início de 2023.
Marketing
Em outros cargos, porém, La Porta não pretende fazer mudanças. Um dos profisisonais que pretende manter é Gustavo Herbetta, diretor de marketing, que só não ficará no comitê se não quiser. Em entrevista à Máquina do Esporte antes da eleição, o dirigente elogiou o trabalho do executivo durante o último mandato.
“A gente pretende potencializar o trabalho do marketing que está sendo muito bem-feito pelo Gustavo Herbetta. Pretendemos que esse trabalho continue crescendo”, afirmou La Porta.
Uma das iniciativas que o presidente pretende implantar é a criação de dois escritórios regionais do COB, um em Brasília, para relacionamento mais estreito com o poder público, e outro em São Paulo, para cuidar da parte comercial e desenvolver os e-Sports, modalidade que ganhará uma edição própria dos Jogos Olímpicos na Arábia Saudita em 2025.
“A ideia é criar uma área de negócios para, junto com as confederações, inovar na geração de receitas e diminuir a dependência de recursos públicos”, afirma La Porta.
Relações internacionais
Entre os projetos também está a criação do cargo de diretor de relações internacionais para conquistar uma aproximação maior com o Comitê Olímpico Internacional (COI). A ideia é conseguir verbas de programas de fomento do COI como o Solidariedade Olímpica, ampliando as fontes de receita do COB.
“O Brasil hoje tem muita deficiência na questão das relações internacionais. Há muitos recursos que podem ser obtidos lá fora. Fontes de recurso que o COB não tem acessado porque não tem relação lá fora”, disse o dirigente.
Pequenos
Para surpreender na eleição do comitê, La Porta contou com o apoio da Comisão de Atleas do COB (Cacob), do qual Yane Marques havia sido presidente até março. Os 19 votos foram fundamentais para a vitória do oposicionista.
Mas a estratégia de La Porta foi além. O dirigente sabia que necessitaria de votos de presidentes de confederações para conquistar a vitória. Vindo de uma modalidade pequena (triatlo) e tendo como vice Yane Marques, de outro esporte pouco difundido (pentatlo moderno), o candidato buscou apoio em pequenas confederações.
A Máquina do Esporte apurou que esse apoio veio de confederações como as de skate, notória opositora a Paulo Wanderley, além de entidades como badminton, desportos no gelo, golfe, hipismo, pentatlo moderno e wrestling, entre outras.