O secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) representou o governador Eduardo Riedel nesta terça-feira (15) na abertura do II Simpósio sobre Sistemas Intensivos de Produção (II SIP), com o tema “Expansão Sustentável do Agro”. O evento acontece no auditório do Campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande.
“Em Mato Grosso do Sul, nós temos procurado trabalhar nessa linha da diversificação da base produtiva. Temos alguns sinais positivos com a diversificação na área da silvicultura, com a diversificação na área do amendoim, que é um produto que nós não tínhamos há pouco tempo, como cultura alternativa. Temos um trabalho forte iniciado agora na questão do sorgo, em função da demanda industrial para esse produto, usando a janela em que muitas vezes o milho não consegue trabalhar. E eu acho que nós temos que caminhar realmente na identificação de como esses sistemas também vão ser sustentáveis”, destacou o secretário Jaime Verruck em seu discurso.
O II SIP é uma realização da Embrapa e da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), com o apoio do Governo do Estado, por meio da Semadesc. Durante o evento, as mais recentes inovações e tecnologias que possibilitam o aumento de produtividade no campo e a intensificação da produção com menos impactos ao ambiente, serão discutidas entre pesquisadores, técnicos, produtores e acadêmicos.
O titular da Semadesc reforçou ainda que a intensificação da produção de forma sustentável está sendo discutida “dentro da lógica de mudança climática, do Estado Carbono Neutro. O mundo caminha por uma necessidade de segurança climática e essa segurança climática passa por um processo de transição ecológica, que passa por um processo de transição da produção mundial para que a gente também garanta a segurança alimentar. Então nós temos que trabalhar com a intensificação da produção e trabalhar com a sustentabilidade, inclusive da agricultura familiar”.
Sobre o Simpósio
Presidente da Comissão Organizadora do II SIP, Fernando Mendes Lamas destaca que os sistemas intensivos juntamente com os integrados são, atualmente, os componentes básicos para a construção de sistemas cada vez mais sustentáveis, socialmente justos, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis. O pesquisador da Embrapa (Dourados-MS) explica que esses sistemas são uma modalidade de produção na qual o solo é constantemente ocupado para a produção de carne, grãos, fibras ou energia.
Dados da Rede ILPF apontam que Mato Grosso do Sul tem a maior área de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) do País e é o primeiro Estado brasileiro a instituir políticas públicas com incentivos à produção agropecuária sustentável. Lamas comenta que há modelos no Estado compostos por soja, milho com braquiária e braquiária para pastejo de bovinos, como há também a incorporação da cultura de algodão e o uso de estilosantes para cobertura de solo.
Critérios técnicos, impactos no ambiente e na economia da intensificação; expansão da agropecuária no Brasil; uso de ferramentas digitais no planejamento, na adoção e na avaliação dos sistemas; Sistema Plantio Direto, agricultura sustentável, agricultura regenerativa: diferenças e vantagens; diversificação dos cultivos; rotação e diversificação como estratégia; sistemas de integração ILP/ILPF como ferramentas para intensificação; novas fronteiras, novos cultivos e a participação indutora das cooperativas e das indústrias; uso de irrigação em áreas de expansão; desafios climáticos; manejo fitossanitário; e novos mercados, serviços ambientais e certificações, são temas de painéis e mesa-redondas com especialistas da iniciativa pública e privada.
Também participam do evento o diretor-presidente da Agraer, Washington Willeman; o diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold; o secretário-executivo de Desenvolvimento Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta; o secretário-executivo da Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais da Semadesc, Humberto Mello.
Entrega de Mapa de Água
Durante a solenidade de abertura, foi entregue o Mapa de água disponível em solos de Mato Grosso do Sul, desenvolvido no âmbito do ZAE (Zoneamento Agroecológico), projeto financiado pelo Governo do Estado, com apoio do FUNDEMS e execução pelos Centros de Pesquisa da Embrapa localizados em Mato Grosso do Sul, sob a coordenação da Embrapa Solos (Rio de Janeiro-RJ) e da Semadesc.
Na avaliação do secretário Jaime Verruck, “o mapa de disponibilidade de águas em solo no Mato Grosso do Sul é um instrumento extremamente importante quando nós pensamos em sistemas intensivos e pensamos em desenvolvimento da política agrícola estadual. É um instrumento fundamental para desenvolver política pública”.
“O mapa de água disponível foi elaborado para todo o Estado, em escala 1:100.000, exceto para a região do bioma Pantanal. O conceito de água disponível (AD) permite estimar o risco climático e otimizar o plantio de diferentes culturas agrícolas, seja em regime de sequeiro ou irrigado, considerando o clima nas diferentes épocas, as características dos solos e as exigências hídricas dos cultivos”, detalha o pesquisador Silvio Bhering, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos.
Segundo ele, tais informações contribuem também com a formulação de políticas agrícolas específicas de incentivo ao plantio de culturas com menores riscos climáticos, além de beneficiarem agências de financiamento agrícola e de assistência rural.
O Estado de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa e ensino brasileiras, têm investido no levantamento dos seus solos, potencialidades e aptidões. Esse é apenas um dos resultados que esses estudos vão gerar em prol do melhor planejamento do uso das terras do estado, potencializando seu uso, aumentando a produtividade e reduzindo os riscos climáticos de perdas das lavouras.
Fotos: Mairinco de Pauda, Semadesc