Sindicato dos jogadores pede limite de jogos na temporada e ameaça greve

A FifPro (Federação Internacional de Jogadores Profissionais de Futebol) alertou órgãos como a Fifa e LaLiga sobre a possibilidade de iniciar uma greve em protesto contra o excesso de jogos na temporada europeia.

David  Terrier, presidente da Fifpro afirmou que há “uma emergência” em torno do crescente cansaço físico e mental dos atletas profissionais.

“Enfrentamos um dos problemas mais urgentes do nosso esporte, que surgiu devido a uma falha de comando”, criticou Terrier durante evento da FifPro em Londres, na Inglaterra.

“Isso deu origem a uma fadiga mental e física perigosa. O problema são aqueles que ouvem e aqueles que não ouvem. Como sindicato, a parte mais importante do nosso trabalho é ouvir os nossos membros – ouvir é aceitar responsabilidades”, acrescentou.

O dirigente sindical pediu uma regulamentação para limitar o número de jogos que um clube possa fazer na temporada. Ele alega que a carga de trabalho dos atletas vinculados à FifPro.

Preocupação

Terrier pede a limitação de jogos após apresentar números preocupantes em relação ao período de recuperação dos jogadores durante a temporada do futebol.

Uma pesquisa do sindicato dos atletas mostrou que mais de 50% da categoria disseram terem sido forçados a jogar mesmo lesionados. Já 82% dos treinadores informaram terem escalado jogadores que sabiam que precisavam descansar.

 “Os jogadores falam conosco e é absolutamente claro que estamos em perigo. Os atletas ultrapassaram o limite e o calendário internacional está lotado”

David  Terrier, presidente da Fifpro

Para o sindicalista, a Fifa não levou em conta esse problema quando resolveu instituir seu novo Mundial de Clubes, com a participação de mais equipes, gerando ainda mais sobrecarga no já apertado calendário do futebol.

“Qual é a resposta da Fifa? Mais jogos, mais competições, mais dinheiro – sem qualquer garantia para os jogadores”, desaprova o dirigente.

Greve

Terrier afirma que o próximo passo da FifPro é discutir com seus membros sobre a possibilidade de decretar uma greve dos jogadores, caso as condições não melhorem.

“A Fifa não nos escuta. Suas resoluções afectam todo o ecossistema [do futebol], mas tomam decisões unilaterais. Isso é um fracasso de governança e não podemos mais aceitar”, afirmou Terrier.

Segundo o sindicalista, é necessário ouvir os atletas antes de acrescentar mais uma competição no calendário do futebol.

“Só assim é que teremos um calendário que será bom para todos. Só nessas circunstâncias teremos garantias, como pausas sazonais e fim de jogos consecutivos”, afirma ele.

“Se a Fifa não ouvir [os jogadores], não excluiremos qualquer tipo de possibilidade”, acrescentou.

Premier League

O CEO da Premier League, Richard Masters, que também é presidente da Associação Mundial das Ligas, também criticou a  Fifa.

“O problema é real. Estamos começando a ver o impacto das decisões tomadas por organismos regionais e internacionais. O calendário está ficando menos harmonioso com cada decisão que está sendo tomada”, ponderou.

“Não acredito que algo vá mudar. Se você sente que não está sendo ouvido, fica frustrado. Sentimos que já basta. É uma pena que tenhamos chegado aqui”, afirmou o dirigente, cuja entidade também é contrária ao novo Mundial de Clubes anabolizado pela Fifa.

LaLiga e Fifa

Já Tebas, mandatário da  LaLiga, afirmou ter alertado a Fifa sobre o problema, mas que foi ignorado por Gianni Infantino, presidente da Fifa.

“Se não tomarmos medidas, a indústria [do futebol] estará em perigo. Estamos destruindo o futebol. Agora precisamos recorrer a ações legais. Não podemos esperar mais um dia”

Javier Tebas, presidente da LaLiga

A Fifa, por sua vez, afirma que é organizadora de apenas 1% dos jogos dos principais clubes do planeta. As demais datas do calendário ficam com as ligas nacionais e europeias.

A federação que comanda o futebol dá a entender que sob sua alçada estão apenas as partidas do futuro Mundial de Clubes, que terá sua primeira edição em 2025.

Comparação

Alheia a isso, a FifPro destaca exemplos concretos de como o atual calendário desgasta os jovens jogadores. Segundo ela, o meia Jude Bellingham, do Real Madrid, jogou mais de 18 mil minutos de futebol até esse ponto da carreira. Como comparação,  jogadores de geração passada estiveram menos tempo em campo com a mesma idade.

David Beckham tinha atuado por 3.929 minutos, enquanto Wayne Rooney, jogou 15.481 minutos quando completaram 20 anos, mesma idade de Bellingham atualmente.

“Alguém com menos de 21 anos ainda não tem seus tendões totalmente desenvolvidos. Tudo ainda está crescendo até mais ou menos os 25 anos. Mas a demanda sobre os jovens jogadores é enorme e está cada vez maior”, explica Darren Burgess, ex- preparador físico de Arsenal e Liverpool.

“Um período de descanso fora da temporada é uma solução simples que deve ser feita automaticamente: três ou quatro semanas em que nenhum torneio pode ser agendado”, completa, apresentando uma possível solução.

Burgess destacou ainda o cansaço mental sofrido pelos atletas, com um “impacto cada vez mais negativo” em todos os níveis do jogo.

“A saúde mental dos jogadores estará em risco se continuarmos neste caminho. Os jogadores não estão se recuperando bem dos jogos, das temporadas. A implantação do novo calendário irá agravar ainda mais essas questões”, analisa ele.

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