Diversas obras com dinheiro de emendas do senador Nelsinho Trad (PSD) são executadas por uma mesma empreiteira: a GTX. A empresa é envolta de escândalos, que pertenceu a Ivan Félix, conhecido como ”Rei dos Bitcoins”, alvo de operações diversas da Polícia Federal e pela Polícia Civil de MS.
O escândalo envolvendo a construtora, que tem mais de R$ 160 milhões em contratos com municípios do Estado, não é novo, mas o grande detalhe é que envolve um senador da República. Onde tem emenda de Nelsinho tem obra da GTX e isso, em tese, sugere uma ”venda casada”, sendo que o direcionamento de parte do orçamento federal venha acompanhada da obrigatoriedade de contratar tal empresa.
Deodápolis
Em sessão plenária na Câmara Municipal de Deodápolis, em 19 de fevereiro deste ano, a vereadora ”Sara da Saúde” exaltou o nome de Nelsinho, citando obras diversas com emendas milionárias aplicadas pelo parlamentar na cidade.
Na mesma sessão, a parlamentar, com ênfase, criticou uma empresa que tocava obras na cidade e exaltou a GTX.
”… e hoje nós estamos com uma nova empresa, empresa compromissada, a GTX, espero que continue nesse caminhar…”, exaltou Jussara.
Água Clara
Em abril deste ano, o site MS Notícias trouxe que o Município de Água Clara vem em uma crescente de contratos com a GTX. Em 2021 eram R$ 3,3 milhões pactuados. No ano seguinte o valor passa para R$ 4,4 milhões e em 2024 surge outro contrato, que chega a R$ 17 milhões.
O site traz uma foto da prefeita Gerolina Alves (PSDB) ao lado do senador Nelson.
Bomba
O escândalo veio à tona em abril deste ano. Na ocasião, o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) deflagrou a Operação Jazida e cumpriu buscas em empresa que executa obras públicas na cidade de Bataguassu. O alvo eram justamente os contratos com a GTX.
As investigações apuram fraude à execução de contratos de obra de asfaltamento no município de Bataguassu, na rodovia conhecida como Reta A1, Porto XV.
Silêncio
Trad foi questionado sobre seu envolvimento com a GTX antes mesmo dessa operação, mas se resumiu a dizer que ”no rito legislativo, o parlamentar faz a solicitação e o recurso vai direto para o município. Cabe a prefeitura a licitação”.
Bitcoin
Vale lembrar que o dono da GTX, Ivan Félix da Silva, foi denunciado pelo Ministério Público por envolvimento na máfia das pirâmides do bitcoin. Ele tinha participação na Mineworld, empresa de compra e venda de criptomoedas, como o bitcoin, que teve sede em Campo Grande.
O caso envolvendo Félix foi destaque em rede nacional de televisão. Os donos são acusados de formar uma pirâmide financeira e lesar 50 mil pessoas, parte delas em MS.
A assessoria do senador foi procurada novamente e o espaço está aberto. O mesmo vale para todos os citados. Ivan já foi procurado várias vezes, mas nunca se manifestou.